A investigação da Escola de Comunicação Annenberg, da Universidade da Califórnia do Sul, conclui que quem utiliza a internet não só vê menos televisão como o tempo que dispende para a ver diminui à medida que as horas de navegação na Internet aumentam. Em 2003, os não utilizadores da internet viam mais quatro horas de televisão por semana que os utilizadores.

O estudo “Projecto Internet Mundial”, do qual fazem parte vinte países, incluindo Portugal, foi apresentado no domingo no seminário Sociedade em Rede e a Economia do Conhecimento por Jeffrey Cole. Os resultados do estudo apontam para a diminuição da importância da televisão no futuro no âmbito dos media, com a crescente fidelização à Internet.

A “Internet addiction” não é uma matéria pacífica entre os especialistas. O conceito foi atribuido por Ivan Goldberg e Kimberly Young, “ciber-psicólogos”, quando constataram que havia muitas pessoas com este tipo de problema.

Estudo polémico

A questão do uso obstinado da Internet provocar isolamento social é polémica. Não se sabe se se deve especificamente à Internet. A “Net” pode ser apenas mais uma forma do individuo satisfazer a sua necessidade de se isolar. “Muitas pessoas têm problemas psíquicos que os transportam para a utilização de vários média”, afirma Jorge Marinho, docente da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Os efeitos do vício na Internet são vários: “problemas familiares, conjugais, alimentares, alterações do ciclo de sono e risco de problemas oftalmológicos devido ao intenso contacto com a mensagem transmitida”, menciona o investigador. Em contrapartida, verifica-se a crescente responsabilidade social dos produtores de hardware e software, com indicações para a boa utilização da Internet e do computador, para evitar efeitos negativos de carácter fisico e psicológico.

Outros média têm que se adaptar

O estudo realizado revela que a Internet diminui o interesse pela TV. “Tem havido previsões catastrofistas sempre que surgem novos média”, menciona o docente”. No entanto, tal não se têm verificado porque “existe convívio entre os diferentes meios de comunicação social e até uma adaptação e influência dos novos média sobre os anteriores”.

Os restantes media têm de se adaptar para sobreviverem. “A tendência actual é para os multimédia”, refere Jorge Marinho.

Pedro Sales Dias