“Há uma má gestão dos recursos hídricos em Portugal”. A frase é do hidrobiólogo Bordalo e Sá e reflecte bem a situação que se vive actualmente na cidade do Porto: até à distribuição aos consumidores, desperdiça-se 51% da água recolhida inicialmente.

O presidente dos SMAS (Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento) do Porto e vereador do Ambiente da autarquia, Rui Sá, alerta para o volume de desperdícios, que considera “astronómico”, e afirma que “o problema tem que ser resolvido com urgência”. “Entram 40 milhões de metros cúbicos de água por ano na cidade do Porto e apenas 20 milhões são vendidos. Se cada metro cúbico custa à volta de 30 cêntimos aos SMAS, estamos a ter anualmente um desperdício de 6 milhões de euros de água tratada”, diz o vereador.

Rui Sá explica que o problema se deve à existência de uma rede de água “extremamente antiga”, distribuída ao longo de 700 quilómetros e que tem “rupturas frequentes”. Por outro lado, afirma que “não há racionalização ao nível de sistemas de rega e de lavagens, que consomem água em grande quantidade”. O presidente dos SMAS acrescenta também o facto do parque de contadores ser “muito antigo”: ao fim de determinado número de anos, os contadores “deixam de contar a água que por eles passa, havendo assim uma subfacturação aos clientes”.

O combate às perdas de água é o objectivo principal da actividade de Rui Sá.
Nos últimos dois anos foram substituídos 21 quilómetros de condutas e para 2005 está prevista a mudança de mais 20. Para além disso, o vereador pretende substituir 24 mil contadores, embora considere que “o número ainda está aquém das necessidades da cidade”.

Águas do Douro e Paiva recusa responsabilidades

A Águas do Douro e Paiva, SA, empresa responsável pelo abastecimento de água ao Grande Porto, recusa, contudo, qualquer responsabilidade nas perdas de água que se verificam no Porto, dado que a empresa apenas regista desperdícios na ordem dos 0,8 %, um dos valores mais baixos verificados a nível nacional.

Um dos administradores, Silva Carvalho, garante que “a redução de perdas de água é uma aposta forte da empresa” e lembra que, “entre 1996 e 2004, a Águas do Douro e Paiva fez um investimento de 325 milhões de euros e apostou na substituição de condutas e na melhoria dos sistemas de monitorização”.

Diana Fontes