Os povos pagãos já comemoravam a festa da passagem, durante a mudança de estação para o início da época das colheitas.

“A festa da libertação”. É assim que o padre Garrido vê a Páscoa. O padre da Igreja de N.ª S.ª do Carmo dos Carmelitas, no Porto, fala deste marco para a vida dos cristãos que nasce como celebração da saída do povo de Deus do Egipto, onde era escravo. Mas esta é apenas uma das “Páscoas”, já que o Padre Garrido descortina três delas dentro de uma só festa.

A primeira é a Páscoa Judaica, em que “o povo judeu permaneceu algumas centenas de anos no Egipto, numa vida reduzida à escravidão e depois atravessou o Mar Vermelho, dando-se a libertação do povo de Deus. Os judeus começaram a celebrar a Páscoa em liberdade quando chegaram à Terra prometida, a Palestina”.

A segunda Páscoa é a de Cristo, que “morreu, foi encerrado no túmulo, mas ressuscitou com vida gloriosa do Pai e foi anunciado por Maria Madalena” e a terceira é a Páscoa dos cristãos, que “geralmente é conotada com o baptismo, a vida nova em Igreja”. “Quando nos tornamos cristãos passamos a viver em Cristo e devemos viver, perdoar, sofrer e morrer como Ele”, diz o padre.

Na Páscoa é celebrada a passagem da morte para a vida, da escravidão do pecado para a liberdade da vida eterna. Na quinta-feira, um dia antes da sua paixão, Cristo institui a Eucaristia, transformando o Pão e o Vinho no seu próprio Corpo e Sangue. Além disso, o próprio Jesus transforma-se no novo cordeiro que é imolado para o perdão dos pecados da humanidade e que dá a Ressurreição para a vida eterna.

A Páscoa celebrava-se já no sábado à noite, na chamada Vigília Pascal, onde se liam passagens da Bíblia e onde noutros tempos se celebravam os baptismos, “como símbolo da incorporação da vida em cristo e na sua Igreja”.

No domingo há a explosão festiva da Páscoa com os sinos, os cânticos e as flores. Há terras em que se faz a Visita Pascal com o pároco que vai às casas das pessoas anunciar a Páscoa (como Maria Madalena anunciou que Jesus saíra do túmulo). Nesses locais há varias tradições como o beijar da cruz, a bênção dos afilhados aos padrinhos e as flores deitadas no chão para marcar as entradas das casas que querem receber a Visita Pascal.

Bruna Pereira