As suspeitas sobre o debilidade do estado de saúde do papa João Paulo II regressam à ordem do dia. Depois de não ter conseguido falar durante a habitual bênção do “Urbi et Orbi” e de não ter comparecido pela primeira vez em 26 anos na tradicional oração de segunda-feira de Páscoa, João Paulo II voltou a não conseguir falar aos fiéis.

Quarta-feira é o dia da semana em que, tradicionalmente o papa celebra uma audiência pública geral. Os médicos aconselharam João Paulo II a não participar em qualquer cerimónia pública pois temiam uma infecção pulmonar, que poderia ser mortal.

Hoje, por volta das 10h00 (hora de Lisboa), o papa apareceu à janela dos seus aposentos para benzer os fieis e tentou, em vão, dirigir-lhes a palavra, acabando por desistir. João Paulo II permaneceu junto da janela durante quatro minutos, enquanto um dos seus colaboradores saudava os fiéis em várias línguas. As imagens divulgadas pelo Centro Televisivo do Vaticano davam a impressão que o papa estava contraído e com a boca aberta em várias ocasiões para respirar.

Toda a agenda de actividades de João Paulo II foi suspensa. Pode também vir a ser cancelada a visita de Estado ao presidente italiano, Carlo Campi, prevista para 29 de Abril, e a participação nas Jornadas Mundiais da Juventude na Alemanha, no fim de Agosto.

Recuperação difícil

João Paulo II foi submetido a uma operação à traqueia em 24 de Fevereiro deste ano e a sua recuperação não tem sido fácil. O papa tem a doença de Parkinson e tem problemas com a deglutição, sendo alimentado apenas por perfusão, devendo tomar ferro para evitar uma anemia, o que lhe causa dores de cabeça e náuseas.

O diário italiano “Il Corriere della Sera” anunciou que esta semana ou na próxima o papa poderá ter de voltar a ser internado. Fonte anónima do Vaticano admitiu que, “se a sua saúde não melhorar depois da Páscoa, um novo internamento poderá ocorrer”.

Há duas visões diferentes sobre o estado de saúde do chefe da Igreja Católica: os médicos que assistem João Paulo II encaram a recuperação com tranquilidade e optimismo, enquanto especialistas externos têm-se mostrado mais preocupados.

Hugo Manuel Correia