Após 26 anos de Pontificado, Karol Wojtyla, o “Papa Peregrino”, encontra-se numa luta desigual contra a morte. A saúde do Papa é muito frágil e o mundo reza “por uma das figuras mais grandiosas da Igreja Católica de toda a História”, diz ao JPN Carvalho Guerra.

“Para ele todos eram filhos de Deus, desde logo pela sua visita à Igreja Ortodoxa e o ‘aqui estou para pedir perdão’. Tudo mostra que suceder a um papa como João Paulo II é algo extraordinariamente difícil”, aponta Carvalho Guerra.

Para este católico há um símbolo que marca a obra de Papa ao serviço da Igreja. “O Concílio foi uma abertura muito especial para o mundo moderno, foi uma nova forma da Igreja estar no mundo, virando-a para o mundo e colocando-a em contacto directo com os grandes problemas da modernidade”.

O presidente do Centro Regional do Porto da Universidade Católica (UC) falou ainda de momentos em que privou com o Papa. “Levei-lhe uma vez uma pasta com todas as fitas de todas as universidades sediadas no Porto, públicas e privadas. Nunca mais vou esquecer a maneira como ele me agradeceu a entrega da pasta. Ele era um homem de uma sensibilidade e de uma cultura que cativava imediatamente. E depois falava português, e um português engraçadíssimo, mas aplicando as palavras certas…”.

A sucessão é uma dúvida que se aguça à medida que oscila o estado de saúde de João Paulo II nos últimos dias. Carvalho Guerra não quer falar sobre nomes, mas acredita que “é provável que seja um papa italiano”. “Há alguns, não há muitos, mas vamos ver. Esta é a minha opinião ainda que sem nenhuma razão”, reconhece.

Dois nomes portugueses para a sucessão

D. José Policarpo e Saraiva Martins são os dois nomes portugueses com possibilidade de suceder a João Paulo II. “Como qualquer português, gostaria de ver um cardeal português como papa. Trata-se de suceder a um dos papas mais grandiosos da vida da Igreja, e qualquer que seja o próximo, creio que seguirá as linhas de João Paulo II”, diz.

Relativamente à possibilidade de resignação em caso do seu grave estado de sáude se prolongar, Carvalho Guerra diz que é necessário “esperar para ver o que vai acontecer. Mas se por acaso o Santo Padre superasse isto tudo não devia resignar”.

Letícia Amorim