O programa de investigação robótico da FEUP arrancou em 1998 dinamizado por um grupo de alunos. Paulo Cerqueira Costa foi um dos pioneiros do projecto.

Como é que se associou a este projecto?
Inicialmente já tínhamos construido alguns robôs, mas não tínhamos nenhum problema ”standard” para lhes aplicar. Quando apareceram competições como o Futebol Robótico, pudemos usar os robôs que estávamos a estudar. Assim podemos comparar os nossos robôs com os dos outros investigadores muito mais facilmente.

Que tipo de aspectos é que investiga concretamente?
Dado o nosso “background” de electrotecnia, atacamos o problema de construção de robôs, do projecto dos robôs e da electrónica. Dedicamo-nos também à investigação de algumas técnicas de mais baixo nível para que o robô seja capaz de ver e de se locomover de forma precisa. Essas são as técnicas que investigamos mais. Para alguns comportamentos mais inteligentes usamos técnicas aplicadas em Inteligência Artificial, embora não seja o forte da nossa investigação.

É então da confluência dos saberes de várias disciplinas que se torna possível criar uma equipa de robôs futebolístas funcional e eficiente?
Exacto. O que acontece é que o equilíbrio de todo o projecto às vezes até é mais importante do que só um ou outro avanço numa zona que depois não se reflecte no desempenho global. Por isso, acaba por ser uma área que envolve montes de outras disciplinas. Às vezes tivemos que fazer um esforço para conseguir dominar essas áreas. Mas de qualquer modo é recompensador termos conseguido um robô eficiente e que apresenta um desempenho que seja bom a jogar futebol.

Quais são os vossos prognósticos para o próximo confronto este fim-de-semana na Alemanha?
Normalmente somos cautelosos com as expectativas porque, por melhor que a nossa equipa esteja e que tenha evoluído em relação à anterior, nunca sabemos como é que as outras equipas evoluiram. A nossa equipa está melhor do que nos anos anteriores. Se esta evolução não foi suficiente para vencer ou não vai depender da evolução dos outros. Vamos lá ver…

Este projecto tornou-se numa espécie de “jóia da coroa” da FEUP. Tem noção de que há cada vez mais alunos a escolherem Engenharia porque querem fazer robótica?
Que tem uma certa visibilidade já nos apercebemos e isso é simpático. Servir de incentivo a alunos para virem para cá é algo que realmente nos deixa felizes. É claro que à partida esse não foi o nosso objectivo, mas, se realmente consegue dar o aspecto mais cativante do que aqui se faz, é óptimo.

Quer deixar aqui algum icentivo a futuros alunos da FEUP?
Aproveitem o “Dia Aberto” que costuma fornecer uma oportunidade de virem cá mesmo antes de serem alunos. Podem ver os robôs e o que se faz. Além disso, há competições de robótica nacionais que são abertas ao público. Poderão ir lá ver os robôs da nossa faculdade como os de outras faculdades. Podem aproveitar essas oportunidades para se entusiasmarem.

Os robôs da Feup são os melhores do país?
Nós jogamos em duas ligas. Na liga de robôs pequenos, isso é verdade porque também só existe uma outra equipa que está agora a começar. Por isso somos campeões nacionais por inerência. Na liga de robôs médios, a competição é mais intensa. Há alturas em que claramente os nossos robôs e a nossa equipa é a melhor. Há outras alturas que outros fizeram avanços e estão à frente! Mas de qualquer modo, em termos de Palmarés, o nosso é um dos melhores de Portugal.

Hugo Manuel Correia