É reitor desde 1998. Já vai quase no fim do segundo mandato. O que lhe deu mais prazer introduzir ou alterar?

Entrei na altura em que o processo de crescimento da universidade deu lugar a uma estabilização. Mas havia, e ainda há, uma grande carência ao nível das infra-estruturas. Uma das grandes preocupações foi continuar a construir os edifícios das faculdades. Mas temos muitas dificuldades. Dificuldades de financiamento, mas também problemas de burocracia. Ao longo destes mais de sete anos houve muitos fracassos, mais fracassos do que êxitos. E por isso, todos os êxitos que se conseguiram tiveram um sabor especial. Houve uma vitória importante, que foi conseguir passar para a UP o património do Estado que estava afecto às funções da UP. Foi uma luta difícil e complicada, mas esse objectivo foi concretizado. De resto, fomo-nos modernizando e continuamos a investir na investigação. Não houve nada de realmente brilhante, infelizmente. As dificuldades são muito grandes.

As dificuldades de que fala prendem-se só com o financiamento e com a burocracia?

Sim, essas são as principais dificuldades, mas existem outros problemas. É muito difícil criar uma cultura de instituição, levar as pessoas a cooperar em tarefas que envolvam toda a universidade. Nota-se que tudo funciona muito em circuito fechado, com um reduzido número de pessoas disponíveis, que normalmente até são aquelas que já têm uma carga de trabalho maior.

Falta um grande projecto à UP? Um projecto que realmente mobilize as pessoas?

Sim, realmente falta. E a percepção que eu tenho é que é muito difícil desenvolver um projecto desse tipo. Temos feito muitas tentativas e houve algumas que correram bem, como por exemplo a criação da imagem integrada da universidade, que teve uma grande aceitação. Outras tentativas de aproximar as faculdades, de tirar partido dos meios existentes e pô-los à disposição de toda a universidade, não têm resultado. Não é só nesta universidade, este é um problema próprio de todas as universidades. Há uma diversidade muito grande de antiguidades, de culturas, de tradições, e isso tem uma influência muito grande na maneira de estar, de agir e na forma de colaboração entre as várias escolas. Não é fácil gerir uma casa destas.

Anabela Couto
Miguel Conde Coutinho