No rescaldo da eleição do novo Papa Bento XVI, o director do curso de Teologia da Universidade Católica Portuguesa do Porto (UCP), Jorge Cunha, diz que “o novo Papa não é conhecido pela sua inovação”, mas considera que “este é um pensador muito original”. Este professor de teologia considera que esta eleição deve ser vista como positiva e que “não nos [devemos] prender ao facto de o avaliar como progressista ou conservador.”

Jorge Cunha diz que o facto de esta eleição não ter despertado o “entusiasmo que é costume nestas situações, não quer dizer que não tenha sido uma eleição acertada. Optaram por escolher um homem que dá garantias de ser muito sábio, absolutamente capaz de orientar a vida da Igreja nos anos que se seguem”.

O teólogo pensa que Bento XVI será muito diferente de João Paulo II “no estilo”. “Este Papa não é carismático, não vai ser um líder de massas. É um homem tímido, com uma aparência não muito atractiva”.

O padre considera ainda que o novo Papa será distinto do anterior na forma de escrever “textos mais à nossa medida”. “O outro Papa tinha uma mentalidade eslava e, por vezes, tínhamos alguma dificuldade em compreender o pensamento dele. Este é um homem ocidental no sentido pleno do termo, portanto, creio que vai escrever coisas mais parecidas com aquilo que nós somos capazes de entender”, defende.

Jorge Cunha acredita que Bento XVI terá um papado de “continuidade” em relação ao de João Paulo II, ainda que com algumas reservas: “Quanto às ideias e à doutrina, creio que não haverá, pelo menos no imediato, grandes novidades. Portanto, será uma continuidade”.

Letícia Amorim
Foto: Reuters