O Presidente da República defendeu ontem, segunda-feira, a avaliação externa das universidades e centros de investigação portugueses para se perceber por que razão tantos alunos desistem dos cursos. Jorge Sampaio manifestou dúvidas de que Portugal possa avançar “sem nos pormos em causa”.

As declarações foram feitas durante a inauguração da nova ala do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), que duplica o espaço do centro (passa a ter 4.000 metros quadrados). O investimento é de 2,5 milhões de euros e é suportado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, fundos estruturais da União Europeia e doações de várias instituições, nomeadamente da Fundação Calouste Gulbenkian. Jorge Sampaio elogiou o IPATIMUP, que classificou como “uma ilha no panorama da investigação portuguesa”.

Para o Presidente da República, é necessário “apurar o que é que as universidades andam a fazer”, porque é que há tantas reprovações no ensino superior e porque é que tantos estudantes abandonam os cursos, questões que, considera, devem ser respondidas através de avaliação externa.

De acordo com um estudo do Observatório da Ciência e Ensino Superior, sobre as taxas de insucesso no ensino superior relativas ao ano lectivo de 2002/2003, cerca de um terço dos estudantes do ensino universitário (36,5%) não termina o curso no tempo previsto. Já no ensino politécnico, os números são mais elevados, com um índice de insucesso de 46%.

Das universidades portuguesas, aquela que apresenta maiores índices de insucesso é a Universidade da Beira Interior, com uma taxa de 54,7%. Os estudantes mais aplicados parecem estar na Universidade do Minho, onde a taxa de insucesso ronda os 27%, logo seguida pela Universidade do Porto, com uma diferença de apenas seis décimas (27,6%).

Com a aplicação do Processo de Bolonha, as universidades portuguesas vão deparar-se com uma maior concorrência com as grandes instituições de ensino superior europeias. Daí a preocupação do Presidente da República, que alerta para o facto de que “a concorrência pressupõe também avaliação”.

Anabela Couto