A 19 de Junho a Guiné-Bissau ficará a conhecer o seu próximo presidente. De entre as 21 candidaturas apresentadas ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) da Guiné, há duas que se destacam: a de ‘Nino’ Vieira e a de Kumba Ialá. Os dois antigos presidentes serão agora adversários nas urnas, após a apresentação das respectivas candidaturas, cuja aprovação gerou alguma polémica, não só entre a população guineense, mas também entre a comunidade internacional.

O enviado especial da ONU à Guiné-Bissau, Joaquim Chissano, apela aos candidatos para que aceitem a posição do STJ, enquanto que os comentadores de rádio de Bissau se mostram desiludidos com a validação das candidaturas, uma vez que nenhum dos candidatos irá aceitar a derrota, podendo agravar a situação política e militar do país.

“A primeira batalha está ganha”, afirmou o presidente do Movimento Kumba Presidente, Pinto Pereira, referindo-se à aprovação pelo STJ da candidatura do antigo guerrilheiro. A “guerra” a que Pinto Pereira se refere diz respeito à destituição do actual primeiro-ministro e líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, Carlos Gomes Júnior. “Agora só falta derrotar o seu candidato [Malam Bacai Sanhá] nas urnas”, disse.

Por seu lado, o mandatário da candidatura de “Nino” Vieira, Hélder Proença, afirma que “Nino Vieira entra novamente no processo político da Guiné- Bissau para dar o seu contributo e peso para restaurar a credibilidade interna e externa do país e também para a obtenção dos consensos que são vitais para o progresso e desenvolvimento” do Estado guineense.

Em comunicado, o governo guineense desdramatiza a crise política e social no país, apelando à calma e à tranquilidade. Pede ainda a colaboração de todos no processo de paz e condena as notícias da imprensa nacional e estrangeira sobre focos de instabilidade, que podem “mergulhar o país novamente numa espiral de violência, incluindo o eclodir de uma nova guerra civil”.

O ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Comunicação Social e Assuntos Parlamentares guineense, Daniel Gomes assegura estar consciente da instabilidade e inquietação que “certas posturas e posicionamentos radicais” têm suscitado no país, sem, no entanto, explicitar a quem se referia. Daniel Gomes, que assinou o comunicado, garante ainda que o governo está a seguir todo o processo com toda a responsabilidade, de forma a garantir a paz social, numa tentativa de sossegar o povo da Guiné-Bissau, bem como a comunidade internacional.

Daniel Brandão
Foto: Africanidades