“O único objectivo é o de enfraquecer o projecto europeu”, disse fonte próxima de Durão Barroso hoje, em Bruxelas, a um grupo de jornalistas portugueses, segundo a agência Lusa. A Comissão Europeia (CE) liderada pelo ex-primeiro ministro português defende-se assim das acusações do autor da proposta de moção de censura, Nigel Farage. A CE considera que as insinuações são “absurdas” e que foram feitas por um grupo de deputados europeus “extremistas” e “minoritários”.

Barroso colocou-se em finais de Abril à disposição do Parlamento Europeu (PE) para todos os esclarecimentos e avançou com a sugestão de se criar um “Comité de Ética” interinstitucional. A instituição declarou em seguida que estava esclarecida sobre os acontecimentos, não sendo necessária a presença de Durão Barroso no plenário para abordar a questão.

No entanto, o eurodeputado britânico eurocéptico insiste agora que o presidente da Comissão Europeia tem de explicar “como pode ter recebido um presente no valor de muitos milhares de euros de um homem de negócios bilionário que, um mês depois, recebeu luz verde da Comissão” para subsídios regionais no valor de 10 milhões de euros, argumentando que tudo o que pretende é uma transparência total na questão dos presentes aos comissários.

Apesar de tudo, Nigel Farage admite retirar a moção caso sejam dadas “explicações razoáveis em plenário” e clarificadas as regras “que obriguem os comissários a dar conta de todos os presentes de valor substancial” oferecidos.

De acordo com o regulamento do Parlamento Europeu (PE), para que uma moção de censura seja debatida em mini-sessão parlamentar são necessárias assinaturas de 10% dos membros do parlamento, o que se verifica neste caso (78 assinaturas, mais quatro que as necessárias, incluindo a do deputado português Miguel Portas do Bloco de Esquerda), sendo posteriormente verificadas. Se as assinaturas forem consideradas válidas, a moção será debatida na mini-sessão do PE em Bruxelas, no final deste mês, e irá a votos na próxima sessão parlamentar de Estrasburgo, em Junho.

Daniel Brandão
Foto: TECIS