O prodígio foi anunciado na Revista Science. A equipa do veterinário Woo Sunk Hwag e do ginecologista Shin Yong Moon clonou um grupo de 11 doentes dos 2 aos 56 anos, com danos na medula espinal, diabetes de tipo 1 e uma doença imunitária, com o objectivo de produzir células estaminais que pudessem ser utilizadas no tratamento dessas patologias.

Os embriões foram criados através da técnica de transferência nuclear, usando ovócitos de dadoras e o núcleo de células de pele retiradas dos pacientes. Esta técnica consiste na remoção dos cromossomas do interior de cada ovócito, substituindo-os pelo núcleo da célula do indivíduo a clonar.

O embrião desenvolve-se durante cinco a seis dias, até formar um conjunto de uma centena de células. É dentro deste “blastocisto” que se encontram as células estaminais, que têm a capacidade de dar a origem a qualquer tecido humano.

Esta experiência teve resultados mais animadores do que a anterior. Desta vez, em cada 20 tentativas, os investigadores conseguiram produzir com eficácia uma cultura de células estaminais, enquanto na experiência anterior efectuaram 200 tentativas até terem saído bem sucedidos.

Segundo esta equipa de investigação, o sucesso da experiência deveu-se à utilização de ovócitos recentes, não provenientes de sobras de tratamentos de fertilidade, e doados maioritariamente por mulheres jovens, com menos de 30 anos.

Esta experiência vem trazer um novo alento à possibilidade da utilização da clonagem para fins terapêuticos. Com esta técnica, doentes que necessitem de um transplante têm agora a esperança de um tratamento eficaz com a utilização destas células que partilham todas as suas características genéticas.

Polémica

A utilização desta terapêutica permanece envolta em polémica. A produção de células estaminais através da clonagem continuará a implicar a criação e subsequente destruição de embriões o que, à luz de muitas religiões, representa uma vida humana em potência.

Apesar dos bons resultados desta experiência, a clonagem em humanos ainda está longe de ser uma realidade. Nas experiências realizadas em mamíferos não humanos, a taxa de sucesso da gravidez da fêmea é sempre muito reduzida.

Hugo Manuel Correia
Foto: Público