Jean-Claude Juncker, primeiro-ministro do Luxemburgo, país que preside à União Europeia, afirma que será impossível continuar o projecto do Tratado Constitucional Europeu se a França rejeitar o tratado. Em entrevista ao jornal de Bruxelas “De Standaard”, o Presidente da UE avisou Paris que o seu papel de liderança na UE vai sair enfraquecido caso a resposta francesa ao referendo do próximo dia 29 seja “não”.

A União Europeia perderá “20 ou 30 anos”

O presidente da EU acredita que uma eventual rejeição francesa do projecto constitucional repercutir-se-á nos 25 Estados-membros da UE “por vários meses e anos”. A União Europeia perderá “20 ou 30 anos” se o Tratado Constitucional for reprovado no referendo francês, afirmou Juncker, em entrevista ao diário francês “Libération”.

Para Juncker, uma vitória do “não” fará com que, no futuro, não haja “memória colectiva” suficiente nos “políticos e nas sociedades”, para manter vivas as razões que levaram à fundação da União Europeia.

Salientando que, confirmando-se a reprovação francesa em referendo, a crise instalada na Europa não seria de forma alguma de “salutar”, o primeiro-ministro do Luxemburgo continua a excluir a hipótese de uma renegociação do documento europeu. O presidente da UE põe também de lado a hipótese “perfeitamente inimaginável” de o texto ficar em vigor apenas entre os países que o ratificarem.

“Não” lidera sondagens

As intenções de “não” no referendo francês lideram 53%, segundo uma sondagem do Instituto TNS Sofres/Unilog, publicada terça-feira no jornal “Le Monde”. É a quarta sondagem consecutiva desde sábado a dar a vitória ao “não”.

Juncker sublinha que no dia 29 de Maio os franceses têm a oportunidade de “fazer história”, chamando a atenção para a “enorme responsabilidade” do referendo francês.

Pedro Sales Dias
Foto: AP