Ainda há muito por fazer, mas o balanço dos primeiros cinco anos da licenciatura de Jornalismo e Ciências da Comunicação é positivo. Foi este o mínimo denominador comum entre alunos, docentes e representantes da UP na conclusão das Jornadas LJCC. O vice-reitor da Universidade, José Marques dos Santos, encerrou a discussão de hoje com confiança no futuro: “o trabalho que há a fazer é árduo, mas fascinante”.

A sessão de síntese dos contributos dados ao longo dos oitos debates promovidos pelas Jornadas LJCC foi a mais concorrida por alunos e professores. E percebe-se porquê: estava prevista a projecção de um pequeno filme que sintetizava as opiniões dos alunos sobre as questões de funcionamento da licenciatura.

“As críticas foram duras, mas pertinentes”, afirmou ao JPN Helder Bastos, membro da Comissão Executiva das Jornadas e um dos responsáveis pela organização do evento. Já o director do curso, Rui Centeno, declarou-se “surpreendido” com a “benevolência” evidenciada pelos alunos.

Alunos fazem críticas

Qualidade dos docentes, escassez de material e problemas na estrutura curricular do curso foram as questões mais problemáticas abordadas ao longo do filme. Hugo Correia, em representação dos alunos, reiterou as críticas durante o discurso que fez perante um anfiteatro cheio, lembrando que “este curso morre à fome de meios”.

Mas os alunos foram também chamados a apontar os aspectos mais positivos: a forte componente prática que caracteriza LJCC é um factor que marca a diferença em relação a outras licenciaturas de Comunicação Social e faz com que, aliada à diversidade das cadeiras leccionadas, os alunos saiam preparados para trabalhar em todas as áreas da comunicação.

Debate positivo

A síntese das sessões que decorreram ao longo do dia esteve a cargo dos docentes Vasco Ribeiro e Margarida Barbedo e de Rui Centeno. “A discussão foi muito positiva e contribuiu claramente para lançar o debate que vai ajudar na restruturação necessária à adaptação a Bolonha”, declarou o director do curso.

Margarida Barbedo realçou a dificuldade que existe em “encontrar um equilíbrio entre as necessidades dos académicos e as exigências dos profissionais”, e destacou as declarações de Joaquim Fidalgo, feitas numa das sessões da tarde, sobre a necessidade de os novos jornalistas terem grande capacidade de integração nas redacções, mas também consciência crítica.

As críticas aos estagiários de JCC não foram muito favoráveis, a avaliar pelo que David Pontes, jornalista do Jornal de Notícias, disse na sessão “Reflexões sobre as saídas profissionais da LJCC”. “Falta formação cívica e falta de capacidade de iniciativa”, disse Vasco Ribeiro, citando o representante do JN. No entanto, as críticas aos estagiários dos ramos Multimédia e Assessoria de Comunicação são muito positivas, segundo os profissionais destas áreas.

“O dia correu muito bem”

Foi com visível satisfação que a equipa responsável pela organização do evento de hoje encerrou os trabalhos. “Penso que foi muito positivo. As pessoas que convidamos contribuíram positivamente para a discussão, com intervenções interessantes e pertinentes”, declarou Helder Bastos no fim da sessão. “É a primeira vez que organizamos um evento deste tipo e o dia correu muito bem”, conclui.

Miguel Conde Coutinho
Foto: Joana Beleza