Que avaliação faz destes primeiros cinco anos de funcionamento da LJCC?

Para mim já são mais do que cinco anos porque houve todo um período preparatório que decorreu entre a Faculdade de Letras e o senado da universidade [do Porto]. Como todas as licenciaturas, e eu já tive oportunidade de assistir ao desenvolvimento de algumas, há um primeiro e segundo ano de encanto, depois no terceiro ano surgem as dificuldades e a partir do quatro ou quinto ano começa a tender-se para a velocidade de cruzeiro. Aí assenta-se e começa-se a pensar naquilo que poderá ter corrido mal e no que se pode corrigir. A partir daí as coisas começam a melhorar de uma forma sustentável. Penso que é esse período que nós vamos iniciar agora e estas jornadas são um bom princípio para que tal se verifique. [ouvir som]

Este curso funciona em moldes diferentes, com a participação de quatro faculdades. Tem sido um bom modelo de funcionamento?

Uma universidade que está organizada em faculdades de uma forma muito sectorial levanta dificuldades. É um modelo em que se tem que insistir, uma vez que vai haver todo um conjunto de formações deste tipo, multidisciplinares, que vão exigir um tipo de direcção e de organização semelhante a este. Da minha parte, acho que devemos continuar.

Em que pé estão as negociações do Média Parque?

Neste momento estamos numa fase de expectativa, porque com as mudanças que houve na direcção não temos ainda conhecimento concreto do que é que se vai passar a seguir. De qualquer maneira, nós continuamos a insistir e o nosso objectivo primeiro é realmente integrarmos o Média Parque.

No discurso de inauguração das jornadas, o professor Rui Centeno colocou o problema das instalações e falou mesmo na possibilidade, se não for para o Média Parque, de se criarem novas instalações para a licenciatura?

Exactamente. Nós queríamos tomar essa decisão o mais rapidamente possível e ficar a saber se o Média Parque é para avançar e se num tempo razoável. Se não, nós temos um projecto e já há uma fase que está completa nestas instalações. Agora temos que concluir o projecto para estas instalações [edifício Parcauto] e procurar novas formas de financiamento.

De que maneira é que o nosso curso é diferente dos muitos cursos de comunicação que existem no país?

Para além das componentes mais humanísticas, aqui procurou-se também desenvolver em paralelo toda uma parte tecnológica ligada aos equipamentos, à multimédia, etc., que creio que fazem deste um curso um pouco diferente do que é habitual.

Acha que essa vertente mais prática facilita a inserção dos estudantes no mercado do trabalho? Com a enorme competitividade que existe, como é que vê o futuro destes estudantes?

Vejo-o totalmente inserido no desenvolvimento global e acho que aí a Universidade do Porto tem que trabalhar muito e procurar ajudar a comunidade para que realmente nas áreas mais tecnológicas e mais novas se possam vir a criar novas empresas, a que depois [a universidade] se possa ligar, principalmente empresas de comunicação e toda uma série de aspectos que se possam ligar aos objectivos desta licenciatura.

Para quando está prevista a reabertura das pós-graduações?

Isso agora vai ser inevitável, porque iremos partir [com Bolonha] para um primeiro ciclo que, na minha maneira de ver, irá chamar-se de uma forma infeliz – licenciatura -, e depois teremos segundos ciclos na óptica de Bolonha, que são efectivamente cursos de pós-graduação e teremos de os constituir, possivelmente até em número superior aos que existem agora.

Milene Câmara
Foto: Miguel Conde Coutinho