Letras, Belas-Artes, Engenharia e Economia são as quatro faculdades que tutelam LJCC. O modelo é inédito na UP.

Foi presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Letras, onde este curso está ligado em termos administrativos. Que dificuldades se encontra na comunicação entre LJCC e FLUP?

A Faculdade de Letras (FLUP) é uma instituição muito grande, é a segunda maior faculdade em número de alunos, depois de Engenharia. Letras tem condições que são manifestamente insuficientes em termos do edifício e de espaço para o número de alunos e docentes. O próprio edifício não está totalmente adaptado às necessidades que a faculdade tem.
Há outro aspecto que é fundamental: nós estamos separados fisicamente da Faculdade de Letras e com uma distância razoável. Isso cria dificuldades em passar a informação. Obriga, por exemplo, a que um carro da FLUP venha aqui todos os dias trazer correio interno. A difusão de informação que é feita internamente na FLUP já tem deficiências. A questão da separação física é muito importante. Apesar de estarmos sedeados administrativamente na FLUP, estamos separados e a ligação dos alunos com a faculdade é muito reduzida. Os alunos não se identificam como alunos da Faculdade de Letras. Pode ser mau, mas por outro lado também pode ser bom, porque se pode estar a criar aqui uma dinâmica que no futuro venha a evoluir.

Mas em termos práticos, neste momento os alunos de JCC são alunos de que faculdade?

São alunos da Faculdade de Letras. Mas o regulamento interno do curso diz que o aluno no certificado de licenciatura pode solicitar “licenciado em Jornalismo e Ciências da Comunicação pelas Faculdades de Engenharia, de Letras, de Economia e de Belas-Artes da Universidade do Porto”, que pode vir a ser uma norma no futuro, embora não sei se será exactamente nessa fórmula. Mas é uma norma aprovada este ano, que não vigorou no ano passado.

Quais são as vantagens de estar ligado a quatro instituições de ensino?

Acho que se cria uma dinâmica muito interessante. Uma das coisas que me parece mais importante é o contacto com colegas de outras faculdades. Ficamos a conhecer melhor a universidade, que muitas vezes não é suficientemente valorizada como pólo aglutinador. Há culturas e dinâmicas diferentes dos alunos, dos professores e até dos funcionários. E aqui neste curso há, pelo menos, as culturas e dinâmicas de quatro faculdades, até de cinco, porque a Faculdade de Direito também participa, embora que de uma forma diferente. O resultado disso cria uma dinâmica diferente. Não ficam as quatro culturas, mas cria-se uma nova.

E desvantagens, existem?

Eu não vejo nenhuma desvantagem. Sou um grande defensor da abertura. Isto das faculdades se fecharem sobre si, é mau. Primeiro defendi internamente em Letras que as diferentes áreas científicas das faculdades deviam interligar-se mais e os próprios alunos deviam frequentar áreas distintas. Há áreas científicas e pedagógicas noutras faculdades que podem ser muito úteis à formação de um aluno. Por exemplo, as línguas podem ser um complemento importante para os alunos de engenharia. Uma formação na área das ciências humanas é importante para qualquer actividade. Quanto mais ampla for a formação, melhor serão as oportunidades de emprego. É uma mais-valia, sem dúvida. Esta associação é boa para as quatro faculdades. Este curso é um curso especial no âmbito da universidade, porque é uma primeira experiência.

Milene Câmara