“Será relativamente fácil a adaptação de Jornalismo, porque a nossa estrutura curricular facilmente se adapta”, explica o director do curso.

Como é que está a ser preparada a transição para Bolonha?

Penso que caminhamos para um primeiro ciclo de três anos e depois um segundo ciclo de um ano, que seria o tal mestrado. Será relativamente fácil a adaptação de Jornalismo, porque a nossa estrutura curricular facilmente se adapta. Actualmente já temos dois mais dois: dois anos de tronco comum e dois de especialização.
O problema, quanto a mim, não será adaptar o currículo, mas sim o tipo de ensino que é introduzido e que funciona em moldes muito diferentes dos actuais. Embora este curso já funcione de forma muito diferente, por exemplo, da Faculdade de Letras, em termos de ensino. Os alunos permanecem aqui [nas instalações do curso] muito mais tempo, fazem muitos mais trabalhos. Há já uma cultura diferente, cultura essa que fará com que os alunos, professores e funcionários se adaptem muito melhor a Bolonha. Em princípio deveremos passar para um regime tipo tutorial, em que há uma relação muito mais estreita entre o formador e o formando, que é muito útil para os dois lados, porque se estabelecem empatias que são muito importantes para a formação.

Mas será necessário cortar nalgum lado?

Claro! É evidente que as especializações [Jornalismo, Assessoria e Multimédia] não se poderão manter tal como elas estão. Será necessário cortar nalgumas disciplinas. O segundo ciclo poderá ser reservado a uma especialização, embora o último ano do primeiro ciclo poderá já ser um início de especialização para uma entrada no segundo ciclo.
Bolonha pode trazer uma mais-valia para esta área das ciências da comunicação que é a atracção de gente de outras áreas. Gente das letras, da economia, até da engenharia, podem querer fazer um segundo ciclo nas ciências da comunicação. Com esta componente tecnológica, pode haver gente de outras áreas que possa achar interessante fazer um segundo ciclo de jornalismo.

E que lugar terá o portal “JornalismoPortoNet” (JPN) nesse novo modelo? É um projecto com futuro?

O portal é um projecto para desenvolver e manter. Nós estamos neste momento a estabelecer contactos com instituições para tentar obter alguns apoios. O portal tem uma dificuldade muito grande. Nas férias não há alunos e não se mantém. Os apoios seriam para conseguir algum tipo de financiamento que permitisse que alunos que colaboram ou colaboraram com o portal, no período de férias se mantivessem lá com o apoio de bolsas. Obviamente, que isto não é uma empresa e não estamos aqui para ganhar dinheiro, mas o objectivo era conseguir fazer uma manutenção como a que temos actualmente.

Que avaliação é que faz do curso de mestrado? Os mestrados vão existir para o ano?

O curso de mestrado está à parte da licenciatura. Sei que existe um aluno que irá fazer a defesa da tese [de mestrado] dentro em breve. Mas não sei se irá se manter nos moldes actuais. Neste momento já se pensou em promover cursos de pós-graduação neste sector e isso é importante. Já formamos os primeiros licenciados no ano passado e é importante que eles tenham possibilidade de prosseguir estudos nesta casa. Temos obrigação de dar resposta a esses alunos para não terem de ficar dependentes de outras universidades.

Milene Câmara