O Fantasporto recebeu mais de 300 longas metragens em Cannes para concorrerem à próxima edição do festival de cinema português. Segundo Mário Dorminsky, director do festival, “o número é impressionante” e demonstra o sucesso do “stand” do Fantasporto, pela primeira vez, naquele festival. O “material de visionamento veio das mais diversas produtoras e é essencial para o comité de selecção poder começar a trabalhar a partir de agora”, afirma Mário Dorminsky ao JPN.

O Fantasporto foi o único festival de cinema com “stand” em Cannes. A representação contou com os apoios da Câmara do Porto, de uma empresa de turismo e de vinho do Porto, de forma a promover não só a imagem do Fantas no exterior, mas também a do norte de Portugal.

A próxima edição do Fantasporto vai contar com uma nova secção não competitiva, a “Love Connections”, dedicada a estranhas histórias de amor. Neste âmbito, entre outras apresentações, vai ser dado a conhecer o cinema erótico japonês dos anos 70, “um período perfeitamente desconhecido do cinema mundial”, diz Mário Dorminsky.

Premiações em Cannes “desastrosas”

Mário Dorminsky considera que a atribuição dos principais prémios no Festival de Cannes deste ano foi “desastrosa”. “Foi pela mediocridade que os prémios foram atribuídos. Os melhores filmes ficaram de fora, obras-primas como é o filme do Cronenberg [“A history of violence”] e de outros grandes realizadores foram completamente marginalizados”, afirma o director do Fantasporto.

A palma de ouro foi arrecadada pela segunda-vez pelos irmãos belgas Dardenne, com “L’Enfant”, um “filme mediano e até desinteressante”, para Mário Dorminsky. O Grande Prémio do Júri foi para o norte-americano Jim Jarmusch, com “Broken Flowers”, enquanto que o austríaco Michael Haneke foi considerado o melhor realizador pelo filme “Caché”.

“Acho que houve uma tendência muito forte para atribuir prémios a personalidades completamente desconhecidas do meio cinematográfico. Isso veio-se a revelar uma situação mais ou menos desastrosa em termos mediáticos, o que logicamente não consegue chegar a promover realmente esses nomes mais desconhecidos do cinema mundial”, considera Dorminsky.

Para o director do festival do Porto, Portugal esteve muito bem representado em Cannes, apesar de apenas integrar a secção paralela Quinzena dos Realizadores, com duas longas-metragens. “Alice” de Marco Martins ganhou a menção “Regards Jeunes”. “Odete” de João Pedro Rodrigues foi distinguido com uma menção especial do Júri “Les Cinémas de Recherches” e conseguiu vendas imediatas para praticamente todo o mundo, segundo Mário Dorminsky.

Milene Marques
Foto: Arquivo JPN