A associação ambientalista Quercus revelou hoje que 179 das 400 zonas balneares portuguesas tiveram qualidade de água boa nos últimos cinco anos. Em 2004, pelo menos 39 tiveram uma análise “má”. Os dados resultaram de uma iniciativa da Quercus, que resolveu atribuir a distinção “qualidade de ouro” a todas as praias do Continente com “qualidade de água boa” nos últimos cinco anos (de 2000 a 2004).

Esta classificação é atribuída pelo Instituto da Água ao abrigo da legislação nacional e comunitária. O objectivo da Quercus foi realçar as garantias de qualidade das praias que ao longo destes cinco anos apresentaram sistematicamente boa qualidade. Ficaram de fora da lista as zonas balneares com menos de cinco anos e aquelas que só mais recentemente viram resolvidos os seus problemas de poluição.

Os melhores e os piores

Desta análise concluiu-se que o concelho com maior número de praias com qualidade da água de ouro é Albufeira (com 17 zonas balneares), seguido de Almada (14 zonas balneares) e de Vila do Bispo (12 zonas balneares). Matosinhos é o concelho com maior número de praias classificadas como “más” ( praia de Matosinhos e Angeiras-Norte). As restantes praias com má qualidade são Pintadinho (em Lagoa), S. Sebastião (em Mafra), Vila Nova de Milfontes (em Odemira), Tesos (em Olhão), Barcos e Armação de Pêra Nascente (em Silves), Burgau (em Vila do Bispo), Verim – Rio Cávado (em Póvoa do Lanhoso) e Represa – Cabeço de Vide (em Fronteira).

Das 39 praias com qualidade má, 26 localizam-se em áreas costeiras e 13 são praias fluviais ou interiores, o que, de acordo com a Quercus, “confirma a maior vulnerabilidade dos rios e albufeiras à poluição”. Comparando as praias existentes, em 2003 e em 2004, existe uma melhoria significativa entre os dois anos no que respeita às praias interiores, principalmente porque a percentagem de praias interiores com boa qualidade passa de 9% para 70%.

A Quercus justifica estes resultados com o facto de Portugal ter solicitado à Comissão Europeia a derrogação de análises más em diversas praias, invocando condições meteorológicas excepcionais, o que no entender da Associação Ambientalista “é duvidoso dado que as precipitações verificadas durante a época balnear não foram demasiado significativas, mesmo que em termos percentuais estejam acima da média”.

A Quercus considera que “é mais a vulnerabilidade à poluição, nomeadamente as falhas no saneamento básico e os problemas de gestão da bacia hidrográfica, que estarão na origem das análises más identificadas”. Em consequência deste pedido à Comissão Europeia, Portugal viu melhorada a classificação de 37 praias de Má para Boa (7), de Aceitável para Boa (2) e de Má para Aceitável (27).

Anabela Couto
Foto: Carlos Luís Ramalhão