Questionados sobre quais os critérios que mais valorizam na escolha de uma praia, os cidadãos da Área Metropolitana do Porto (AMP) apontam a “qualidade da água e a limpeza da praia” como os factores mais relevantes, logo seguidos pela “beleza natural da praia e da zona”. A ostentação de “bandeira azul da Europa” aparece em terceiro lugar no “ranking” dos atributos mais relevantes na selecção de uma praia.

Estes resultados constam de um estudo por sondagem sobre a “Percepção dos riscos ambientais e comportamentos de lazer dos utentes das praias da Área Metropolitana do Porto”. O inquérito foi realizado por Francisco Dias, docente do Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo (ISCET), que contou com o apoio dos alunos do 2º ano dos cursos de Ciências Empresariais, de Marketing e Publicidade. Os dados foram recolhidos na segunda quinzena de Março de 2005, junto de 485 residentes da AMP, com idades compreendidas entre os 17 e os 81 anos.

Um dos objectivos do estudo era “aferir a importância que os utentes atribuem aos critérios que permitem a atribuição da ‘ecolabel’ ‘Bandeira Azul’”. Após a realização do inquérito e da análise dos resultados, o autor do estudo concluiu que “os autarcas atribuem muita importância à bandeira azul”, enquanto que “para os utentes das praias ou residentes da zona, a questão não é assim tão importante”. Francisco Dias considera, por isso, que “a bandeira azul não influencia as opções de férias nem a avaliação dos impactos ambientais do turismo”.

O que mais preocupa os utilizadores das praias

Outro dos objectivos do estudo era “identificar os riscos ambientais das praias da AMP, tal como são percebidos pelos habitantes da região”. Para isso, o professor do ISCET, mestre em Psicologia Social e doutorando em Turismo, pediu aos entrevistados que atribuíssem uma classificação de um a cinco valores a uma listagem de critérios, por ordem crescente de preocupação.

Os resultados revelaram que a existência de “esgotos”, a “descarga de resíduos”, a “má qualidade da água”, a “poluição da areia” e a existência de “lixo” na praia ocupam o topo das preocupações dos utentes das praias da AMP. O facto de haver “algas”, “pescadores”, “animais domésticos” ou “fundos rochosos” são os critérios que, de acordo com este estudo, menos preocupam os habitantes da região.

Habitantes de Gaia subvalorizam praias

Durante a realização deste estudo, Francisco Dias chegou a outra conclusão curiosa: os habitantes de Vila Nova de Gaia subvalorizam as suas praias, enquanto os residentes da cidade do Porto têm uma visão mais optimista das suas praias do que aquilo que são na realidade.

Relembre-se que enquanto que o concelho de Vila Nova de Gaia ostentava 18 bandeiras azuis em 2004, o Porto não tinha nenhuma. Mesmo assim, os seus habitantes atribuem às praias do concelho uma classificação de “Medíocre/Razoável”, enquanto que a Associação da Bandeira Azul Europeia (ABAE) as classifica como “Más”. Pelo contrário, as praias de Vila Nova de Gaia, que a ABAE classifica como “Excelentes”, são consideradas como “Medíocres/Razoáveis” pelos habitantes da região.

Anabela Couto
Foto: Carlos Luís Ramalhão