Dominique de Villepin foi hoje, terça-feira, nomeado para o cargo de primeiro-ministro, substituindo assim Jean-Pierre Raffarin que deixa o governo francês, dois dias após a vitória do “não” no referendo sobre o Tratado Constitucional Europeu.

O “não” reuniu 54,87% dos votos num referendo que registou 30% de abstenção. No entanto, em algumas zonas de França o “não” alcançou 80% , ainda que em Paris o “sim” tivesse ganho, com 66,5%.

Para o governo francês, esta foi a mais séria derrota em 15 meses de popularidade descendente, após as derrotas nas eleições autárquicas e europeias de 2004.

Dominique de Villepin aparecia em segundo lugar como nome provável para ocupar o cargo de chefe de Estado. De acordo com sondagens divulgadas ontem, Villepin recolhia 18% das preferências, a seguir a Nicolas Sarkozy, presidente do partido maioritário UMP (União para um Movimento Popular), que recolhia 24% das preferências na sondagem da TNS-Sofres.

Voz francesa contra a ocupação do Iraque

Villepin, de 51 anos, desempenhava até agora as funções de ministro do Interior, tendo estado vários anos à frente dos Negócios Estrangeiros. O diplomata destacou-se como a voz francesa contra a invasão do Iraque.

O antigo primeiro-ministro, Jean-Pierre Raffarin, que chefiava o governo francês há mais de três anos, esteve hoje reunido com o presidente Chirac durante cerca de uma hora no palácio presidencial, antes de anunciar formalmente a sua demissão à imprensa.

Jacques Chirac, que hoje de manhã aceitou a demissão de Jean- Pierre Raffarin, vai explicar os motivos pelos quais escolheu Villepin para o cargo de primeiro-ministro, numa comunicação televisiva ao país prevista para 20h00 locais (19h00 em Lisboa).

Pedro Sales Dias
Foto: BBC