O sonoro “não” dos holandeses à ratificação da Constituição Europeia deve provocar ondas de choque ainda maiores do que as da rejeição francesa. Os holandeses rejeitaram por 61,6% o Tratado constitucional europeu durante o referendo de quarta-feira, segundo resultados definitivos não oficiais recolhidos pela agência de imprensa holandesa ANP junto das assembleias de voto.

A participação foi de 62,8%, um número bastante superior às expectativas e à participação registada durante as últimas eleições europeias de Junho de 2004 (39,1%).

Alguns analistas consideram que a rejeição holandesa é mais forte do que a francesa, tanto pela percentagem do “não” (em França foi de 54,67%), mas também porque os gauleses terão votado negativamente contra o tratado mais para castigar Chirac e o Governo do que pelas questões europeias, enquanto que os holandeses sentir-se-ão verdadeiramente desiludidos com a Europa. Os holandeses são um dos países fundadores da União Europeia (UE) e tidos como um dos países mais europeístas.

Líderes europeus cautelosos, mas confiantes

O presidente em exercício da UE, Jean-Claude Juncker, voltou a defender, contudo, que o processo de ratificação do tratado constitucional europeu “deve poder continuar”, apesar dos “não” francês e holandês.

Juncker falava numa conferência com o presidente do Parlamento Europeu, Josep Borrell, e o presidente da União Europeia, Durão Barroso. O ex-primeiro-ministro português voltou a afirmar, tal como fizera depois do “não” em França, que se criou “uma situação difícil, mas que a Europa poderá ultrapassar”.

Pedro Rios
Foto: AP