“Enquanto uns se sentam confortavelmente a comer pipocas como se o estádio fosse uma sala de cinema, nós estámos aqui para apoiar a equipa, sejam quais forem as condições atmosféricas, seja qual for o preço dos bilhetes. Ser ultra é assim, é a maneira como se está no jogo, estar lá para apoiar a equipa, cantar…”. É assim que o líder dos Superdragões (SD), Fernando Madureira, vê as claques.

“A claque tem esta génese quase inata, é amor. Eu costumo fazer uma analogia ao amor entre as pessoas: quando amamos, amamos para sempre. Se a equipa ganha nós festejamos, apoiamos e amamos, quando a equipa perde, nós estamos com ela, ajudamo-la a ganhar força e a enfrentar a desilusão e a angústia própria de quem perde”, declara Bruno dos No Name Boys (NN).

Ser ultra

Nas claques resiste o “ser ultra”. “Estamos presentes por amor e dedicação” diz Bruno dos NN.

Para Fernando Madureira, “ser ultra é ter mentalidade, é o adepto que acompanha sempre a equipa, seja um jogo de taça, seja com o Estoril, seja com o Milan, sejam quais forem as condições, os preços …”.

“É um estado de espirito em relação ao clube e ao grupo diferente daquele que têm os adeptos ‘normais’”, conclui João Guerreiro da Juve Leo.

Os 40 membros da Alma Salgueirista (AS) são, apesar da má situação do clube, um grupo de amigos. “Quando entrámos para lá éramos membros da claque, mas agora somos amigos. Agora e cada vez mais o motivo de encontro não é só o Salgueiros, mas o casamento de alguém, o convívio…”, conta Ricardo Santos, da AS.

Nestes casos, as paixões parecem mesmo surgir do nada. “Tinha 14 anos e sempre fui do Futebol Clube do Porto. Uma vez fui ver um jogo com um amigo meu para a claque. Depois fui ver um jogo a Alvalade até que fomos todos da Ribeira para os SD. Éramos o núcleo duro da claque e fui crescendo até chegar a líder”, recorda Fernando Madureira.

Mariana Teixeira Santos
Foto: Getty Images