A Alfândega do Porto recebe hoje e amanhã a edição 55 da Mostra do Calçado Português (MOCAP). O objectivo dos “stands” é “divulgar as marcas no mercado nacional ao sector do retalho”, afirma Filipe Melão, director de marketing da Calafe, uma das marcas presentes na mostra.

Contrariar os efeitos da invasão dos produtos chineses é outro dos objectivos das marcas.

“A invasão dos produtos chineses está-se a sentir bastante em Portugal”, afirma Filipe Melão. O director de marketing da Calafe diz que, apesar da marca ter preparado uma estratégia para combater esta invasão, os dados das vendas indicam que desde o início do ano, a Calafe está a ter “um crescimento mais baixo do que o normal de 10% a 15%”..

Arlindo Carlos da Plumex-Natura é da mesma opinião. Queixa-se da invasão dos produtos chineses e das cópias que aparecem dos produtos nacionais. Afirma que alguns mercados, como o dos Estados Unidos e da Alemanha, deixaram de comprar produtos porque aparecerem produtos chineses similares.

“Disseram-me que apareceu um artigo que, embora não tenha tanta qualidade, mas é um artigo similar [ao que a Plumex-Natura produz], com preços atractivos. Então reduziram as compras drasticamente”, afirma Arlindo Carlos.

Também o representante em Portugal das marcas Disney e Warner se queixa da crise. “Estamos a atravessar uma crise que provém já de alguns anos de má governação e que acabamos por ser nós a pagar isto”, afirma João Ramos, sócio-gerente da empresa representante das marcas internacionais.

João Ramos classifica a invasão dos produtos chineses como “um problema grave”. “E grave porquê? Porque não respeitam as normas, não são fiscalizados pelas entidades que deviam fiscalizar”, afirma.

“Mais depressa estão num pequeno comércio a ver se têm preços ou não nas montras, a aborrecê-los, do que vão a lojas chinesas para verificar as normas. E nós sabemos que eles não têm as normas, nem os produtos em língua portuguesa e muitas vezes nem têm facturas”, acusa João Ramos.

mocap_disney.jpgAinda assim, as marcas dizem não se sentir muito ressentidas com a liberização do mercado, porque a representação portuguesa é muito recente. “Ainda estamos numa fase ascendente, enquanto que os meus colegas já estão no mercado há muito tempo e por isso já estão numa fase descendente”, diz João Ramos.

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Apesar da crise que o sector do calçado português está a viver, os “stands” estão até agora satisfeitos com os resultados que a MOCAP está a ter.

Filipe Melão, da Calafe, confessa que até ao início da tarde de hoje não tinha tido muitos clientes, mas que já tinham feito “um contacto muito importante” para começarem a trabalhar com o mercado norte-americano.

Também João Ramos da Disney se mostra satisfeito com as primeiras horas da MOCAP. “Já estamos a fazer mais contactos do que o ano passado”, afirma.

Texto e fotos: Andreia Ferreira