Não há preparativos possíveis para o que se vai assistir esta noite no Passos Manuel. Pela primeira vez em Portugal, o trio Wolf Eyes é a encarnação musical daquilo a que se pode chamar um “caos organizado”. Derivam da electrónica, do “noise”, têm influências do “punk” e até do “metal”. Ou seja, criam música “noise” mas com algo por trás que se assemelha a uma estrutura.

Formado em 1997 por Nate Young em Ann Arbor nos EUA, o projecto rapidamente adquiriu um novo membro, o guitarrista Aaron Dillaway. Lançam vários “splits”, CD-Rs e cassetes a um ritmo alucinante. Em 1999, o duo grava o seu álbum homónimo, arrojado, mas pouco intenso e sem a agressividade que viria a pautar os anos seguintes da banda.

Depois da entrada para a banda do baterista John Olson dá-se o momento de viragem na carreira dos Wolf Eyes, quando a célebre Sub Pop Records lança “Burned Mind” em 2004, o álbum que os estabelece no mundo da música eléctronica extrema.

Têm já no currículo colaborações com colectivos tão importantes como Black Dice (que recentemente actuaram no Museu de Serralves, no Porto) ou as lendas do “noise” Smegma.

Conhecidos no movimento “noise” por andarem constantemente em tournée, algo pouco habitual dentro do género, os seus concertos são já famosos devido à sua intensidade e crueza, das quais, muitas vezes, o público não tem como escapar. Porto e Lisboa (quinta-feira, na Galeria Zé dos Bois) aguardam-nos com ansiedade.

Tiago Dias
Foto: Wolf Eyes