“Glamour” é um trabalho de um grupo de teatro amador que com apenas um ano de existência conseguiu encher um auditório, na última sexta-feira. O grupo de teatro da Escola Serafim Leite, em S. João da Madeira, é constituído por três turmas do 10º ano e, como tantos outros, sobrevive à custa dos apoios da Câmara Municipal, da escola e da Associação de Pais.

O espectáculo foi recriado a partir dos musicais das décadas de 50 e 60, os anos dourados da Broadway. “Todas as músicas e coreografias foram reproduzidas com o máximo de fidelidade, a partir das versões cinematográficas. Vimos cerca de 10 a 12 musicais”, explica a coordenadora do projecto, Lurdes Gual.

O cenário, as luzes e o guarda-roupa conduzem-nos a uma viagem no tempo. Estamos na época áurea dos musicais, a Broadway. Glamour é uma casa de espectáculos à beira da ruína, que atravessa várias gerações e esconde um segredo, que servirá de inspiração a um realizador de cinema, à procura de um argumento para o seu próximo filme.

A história salta das fotografias de um álbum envelhecido para o palco do Glamour, recriando o seu passado. A casa de espectáculos está em crise e sobrevive da falência à custa do mecenato desonesto de Lord Spencer, que, em troca, quer Gigi, a cabeça de cartaz do Glamour.

Na noite de véspera de mais um musical, Gigi é violada. Duas filhas nascem do crime, um amor é interrompido durante 20 anos, o assassinato, a prisão. A acção desenrola-se ao ritmo dos musicais e do desfolhar calmo e reflexivo de um antigo álbum de fotografias.

A rivalidade quase doentia entre os artistas e a corrupção são outros pratos fortes da peça de teatro. O bom humor também marca presença. Fiona, a empregada de limpeza, não ouvia, não falava nem via, mas tudo sabia. Uma personagem cómica que contava ao público, já divertido, mexericos sobre os artistas.

Antes do pano descer, o final feliz selado num beijo, que uniu o amor separado durante 20 anos. Por isso, a mensagem final de esperança da professora Lurdes Gual: “Vale a pena lutar, o esforço compensa sempre a nível profissional e pessoal”. Um lema que, segundo a professora, também se aplica ao grupo de expressão dramática da Escola Serafim Leite.

Texto e foto: Salomé Pinto da Silva