O estudo foi divulgado ontem, quinta-feira, pelo jornal “Público” e conclui que os erros cometidos na construção ou manutenção das estradas são responsáveis pela maioria dos acidentes de viação no IP4 (itinerário que liga o Porto a Bragança) e no Eixo Norte/Sul (em Lisboa).

O Observatório de Segurança de Estradas e Cidades (OSEC) detectou curvas que violam regras de segurança e que são sinalizadas com limites de segurança muito acima do que é seguro naqueles dois itinerários.

Entre os erros de construção das vias encontradas pelo OSEC está “o uso de sinalização errada, permitindo velocidades que, quando praticadas em curvas de raio inadmissível (por demasiado reduzido) e em sobreelevações ilegais aí existentes, sujeitam o condutor a valores de aceleração centrífuga [força que puxa o veículo para o exterior da via] duas a quatro vezes superiores ao máximo admissível, o que constitui causa directa da perda de controlo do veículo”, aponta o observatório em carta enviada ao ministro das Obras Públicas, Comunicações e Transportes, citada pelo “Público”.

Estudo do LNEC “tira-teimas”

O presidente da Associação de Utilizadores do IP4, Luís Bastos, afirma ao JPN que o estudo confirma apenas cientificamente o que já se sabia de forma “empírica”.

Bastos espera agora que Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) “também venha ao IP4”, já que o estudo da OSEC sozinho nada resolverá. O estudo do LNEC, que, para Luís Bastos, servirá de “tira-teimas”, já está previsto. Antes das conclusões, a Estradas de Portugal (EP) vai intervir no IP4, entre Amarante e Vila Real, nomeadamente através da “ripagens” para melhoria do traçado de algumas curvas e análise da colocação de um separador central em zonas de muitos acidentes.

Luís Bastos lamenta que o processo de concurso público para a intervenção na estrada demore muito tempo. “Espero que este processo da EP corra com a maior rapidez possível”, afirma ao JPN. “Queremos deixar de ter razão. Queríamos ver alterações tecnicamente competentes”, diz o presidente da associação.

A curto prazo, a Associação de Utilizadores do IP4 quer ver instalados radares e separadores centrais. “Custa-me perceber o entrave na colocação de radares. Falta ligação entre as diferentes instituições”, acusa.

Pedro Rios
Foto: Getty Images