O Irão deve recomeçar hoje, quarta-feira, a conversão de urânio na central de Isfahan, no centro do país. Desta forma, Teerão rejeita a proposta dos inspectores das Nações Unidas de atrasar uma semana o reinício das actividades, considerando-a inaceitável.

Responsáveis da União Europeia avisaram o Irão que o recomeço das actividades nucleares significaria o fim de dois anos de negociações sobre as ambições atómicas do Irão, que, segundo Teerão, são pacíficas. No entanto, os Estados Unidos e a Europa suspeitam que tenham como objectivo escondido a construção de uma bomba nuclear, sob o véu de um programa civil de energia atómica.

“Esperamos recomeçar hoje as actividades”, afirmou o porta-voz do Conselho Supremo de Segurança Nacional iraniano, Agha Mohammadi, no dia em que o conservador Mahmoud Ahmadinejad toma posse como presidente do país.

A decisão é irreversível, mas os oficiais iranianos garantem que será levada a cabo sob a supervisão da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).

A AIEA sustentou que uma semana não seria suficiente para transferir equipamento de vigilância da sua sede em Viena para Isfahan e pediu o adiamento de uma semana. Teerão não cedeu.

O chefe da diplomacia europeia, Javier Solana, escreveu, num artigo publicado na revista alemã “Capital”, que o novo presidente iraniano teria que fazer uma “escolha estratégica: continuar a estrada em direcção ao isolamento ou aproveitar os benefícios da cooperação internacional”.

O Irão, como subscritor do tratado de não-profileração nuclear, está obrigado a abrir as instalações nucleares para inspecção. Teerão permitiu a colocação de câmaras de vigilância.

Uma estimativa dos serviços secretos americanos, publicada quinta-feira no “Washington Post” prevê que o Irão esteja a 10 anos de construir uma bomba nuclear.

Pedro Rios
Foto: Getty Images