De que forma é que a Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) pode ter em conta os interesses dos estudantes e dos jovens?

Tem que haver uma política, não apenas da SRU, mas também políticas públicas no sentido de criar oferta de habitação para jovens e estudantes. A opção de recuperação de edifícios e de instalação de estúdios, por exemplo, nesses edifícios, pode atrair os jovens para viverem no centro da cidade. E aí tem que haver um recurso aos vários programas nacionais que apoiam a recuperação de imóveis degradados nos centros das cidades. Se houver uma articulação entre a câmara e a UP pode-se perfeitamente garantir a oferta de habitação para jovens estudantes a preços comportáveis, resolvendo assim duplamente o problema das instalações dos jovens, que é um problema sério, e o problema da revitalização da Baixa do Porto.

Defende a criação do Pólo Zero?

Já tive oportunidade de o dizer numa reunião que tive com a direcção da FAP. Eu acho que deve haver um Pólo Zero, é uma boa ideia, é uma maneira de voltar a trazer os estudantes para a Baixa da cidade. Deve-se encontrar um local.

Tal como a Praça de Lisboa?

Sim, mas há outras hipóteses. Se fosse possível num local que a própria UP disponibilizasse tudo seria mais fácil. A UP tem vários imóveis espalhados pela cidade e ela própria disponibilizaria um espaço onde se instalaria um Pólo Zero, onde os estudantes poderiam estudar, conviver ao longo das 24 horas do dia e com isso estaria-se a atrair os estudantes para a Baixa da cidade. É preciso criar condições para que eles voltem a sentir o apelo da presença no centro da cidade. O Pólo Zero tem essa dupla função.

Concorda com a criação de um certificado para a habitabilidade estudantil, ideia avançada pelo presidente da FAP?

Eles disseram-me isso e acho uma boa ideia. Confesso que foi quando me reuni com eles que tomei consciência da importância disso. Mas isso é um problema de facto e há muitos jovens estudantes que pagam preços elevados por quartos que estão em péssimas condições. Não se passa só aqui no Porto, passa-se em Lisboa, em Coimbra, em Braga, em todas as cidades universitárias. E creio que essa é uma boa ideia, que permite regular esse mercado e garantir uma qualidade mínima, que, infelizmente, não está a ser garantida.

Acredita que seria rápido do ponto de vista burocrático?

Isso é uma das mudanças que temos de fazer. No Porto, temos uns serviços de urbanismo que funcionam mal. Uma das grandes alterações que queremos introduzir é pôr aquilo a funcionar de maneira a que se responda em tempo útil às pretensões dos cidadãos.

Pedro Rios
Tiago Dias
Fotos: Ana Rita Monteiro