Penúltima da série de entrevistas aos candidatos à Câmara Municipal do Porto nas eleições autárquicas do próximo domingo.

Terça-feira – João Teixeira Lopes, BE
Quarta-feira – Rui Sá, CDU
Quinta-feira – Francisco Assis, PS
Sexta-feira – Rui Rio, PSD-PP

Com 40 anos, Francisco Assis, licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, é líder da distrital do PS-Porto. Candidata-se agora à Câmara do Porto, depois de ter sido o mais jovem autarca da história de Portugal, à frente da Câmara de Amarante de 1989 até 1995, cargo que deixou quando foi eleito deputado à Assembleia da República.

Em entrevista ao JPN, o candidato socialista acusa Rui Rio de ter passado quatro anos de costas voltadas para as instituições mais importantes da cidade, incluindo a universidade. Assis concorda com a criação de um Pólo Zero, num local providenciado pela própria UP, que traga os estudantes de volta à Baixa.

Francisco Assis procura que o Estado seja uma peça fundamental da reabilitação dos bairros portuenses e recusa a ideia da criação de um pacto de regime, mas não põe de lado acordos entre os partidos. Caso seja eleito quer voltar a pôr o nome do Porto no mapa internacional, através da ciência e da cultura, e fazer da cidade um representante de toda a região dentro do país.

Quais são os planos do PS para o ensino superior?

Apesar da câmara não ter competências específicas na área do ensino superior, a verdade é que nada do que se passa no Porto é alheio à câmara e o Porto tem que se orgulhar de ter a maior universidade pública portuguesa. Tem que haver é uma preocupação em valorizar a Universidade do Porto (UP).

De que forma?

A câmara deve estabelecer boas relações com a UP, no sentido de estimular a vinda de professores, investigadores e estudantes estrangeiros para o Porto, criar condições de acolhimento. Apoiar todas as iniciativas da UP porque dão visibilidade internacional ao Porto nas mais diversas áreas.

O reitor da Universidade do Porto disse em entrevista ao JPN, em Abril, que a câmara não teve um papel importante no crescimento da UP e que Rui Rio não aproveitou o potencial de ter no Porto a maior universidade do país. Concorda?

Estou inteiramente de acordo com o reitor. A câmara tem de estar à frente e sempre que, por exemplo, a UP por qualquer motivo sente que é prejudicada, a câmara tem de estar na primeira linha de exigência em relação ao Governo e tem de estar na primeira linha de estímulo à universidade. Quando o reitor diz isso, é a demonstração inequívoca que houve de facto da parte da câmara uma desvalorização do papel da UP no processo de afirmação global do Porto. O Porto tem três ou quatro instituições que o podem imediatamente afirmar no país e no quadro internacional, e a UP é, seguramente, uma delas.

O PS propõe a criação de um pelouro próprio para a ciência?

Vai haver um pelouro da ciência, se nós ganharmos. O vice-presidente da câmara ficará com o pelouro, o doutor Manuel Pizarro. Isto significa uma opção e uma prioridade: fazer do Porto, do ponto de vista da imagem externa, uma cidade conotada com a ciência. Temos institutos de investigação científica de qualidade, temos uma universidade muito voltada para a investigação científica, que tem áreas de excelência em sectores como a medicina, ciências naturais, engenharias, etc.. A ideia de trazer para o Porto cientistas, criar condições de acolhimento e valorizar a sua presença no Porto não é uma coisa que a câmara não possa fazer.

Qual seria a utilidade real desse pelouro em comparação ao programa que já existe, Porto Cidade de Ciência?

Dizem-me que é um programa que funciona muito mal. A própria universidade se queixa, os próprios cientistas se queixam. O que é que esse programa fez de prático? Que linhas de orientação subjazem a esse programa? O que é que se concretizou? Quase nada. Não é inaugurando estátuas com figuras de cientistas que se promove a investigação científica. O Porto tem condições que mais nenhuma cidade do país tem. Tem uma comunidade científica muito vasta, numa cidade que não é excessivamente grande.

A FAP defende que a câmara deve mediar o impasse entre a câmara e a reitoria relativamente ao Centro Desportivo Universitário do Porto (CDUP). Concorda?

O CDUP tem um papel a desempenhar, tem instalações universitárias que devem ser rentabilizadas. Há diferendos no seio da própria UP, mas que têm de ser rapidamente ultrapassados e no que depender da câmara ter alguma participação nesse sentido eu não deixarei de a ter.

Pedro Rios
Tiago Dias
Foto: Ana Falcão