O Sindicato dos Trabalhadores da Adminstração Local (STAL) condenou hoje, terça-feira, a decisão da Assembleia Municipal (AM) do Porto de, à semelhança do Executivo de Rui Rio, apoiar a suspensão do prémio nocturno dos cantoneiros do Porto e esperar que o Governo legisle sobre a questão.

“É lamentável a perda de mais uma oportunidade para a resolução de uma questão que já se arrasta há muito tempo”, criticou ao JPN, o dirigente do STAL João Avelino.

A reunião, iniciada na noite de segunda-feira, realizou-se na sequência de uma proposta do PCP que procurava a resolução do problema dos lixeiros. Foram necessárias cinco horas para que, já de madrugada, o presidente em exercício da AM, Diogo Feyo, do PP, usasse o voto de qualidade para desfazer a igualdade entre a esquerda e a direita (ambas com 27 votos).

João Avelino centra críticas na actuação de Diogo Feyo, por ter recorrido ao seu voto de qualidade como presidente daquele órgão.

Por outro lado, quanto à necessidade de legislação do Governo, o dirigente referiu que se trata da “reafirmação do resultado das várias rondas de reuniões que o STAL teve com os vários partidos” e voltou a defender a aprovação do projecto do PCP de Junho passado para a solução do problema.

Novas formas de luta

O sindicalista admite ainda a forte possibilidade de a decisão do Governo vir a demorar “vários meses”, pelo que o STAL se reúne amanhã de manhã com o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP) para acordar outras formas de contestação. Neste momento e até 8 de Janeiro, os trabalhadores fazem greve às horas extraordinárias.

Em cima da mesa está a provável organização de um “cordão humano entre a Câmara do Porto e o Governo Civil”, explica João Avelino, que realça o apoio da população que tem “percebido bem a posição dos trabalhadores”.

Para além do cordão humano, João Avelino anuncia a forte possibilidade da realização de “greves em carrossel”, nas quais os motoristas e cantoneiros exercem “o seu direito à greve” de forma intercalada.

Apesar da provável demora, o STAL está convicto de que a situação irá resolver-se a favor dos trabalhadores, apontando como exemplo a situação referente ao financiamento ilegal dos centros de cultura em Portugal em 1999, que foi legislada favoravelmente e “com efeitos retroactivos”.

Pedro Sales Dias
Foto: Pedro Rios/Arquivo JPN