É na Juventude Leonina, fundada em 1976, que encontramos um núcleo de apoiantes do Sporting com ideais vincadamente nacionalistas – o Grupo 1143. Mas os princípios que regem este núcleo não se estendem à Juve Leo no geral. Prova disso é a opinião de António Duarte, membro da claque leonina há cinco anos, que refere que “não há razões para existir política numa claque”. “É pão, pão, queijo, queijo. Se existimos é para apoiar o clube”, afirma ao JPN, adiantando, no entanto, que “cada um sabe de si e pode levar para os jogos o material que quiser”, desde que “não o faça como acto provocatório”.

Mas o apoio ao Sporting Clube de Portugal estende-se também à Torcida Verde, a única claque portuguesa devidamente legalizada. Foi no Porto que encontrámos Ricardo Pereira, de 25 anos, membro da Torcida Verde Invicta desde os 18. Para Ricardo, cada um “pode ter o partido que quiser, mas no campo tem de pôr a política de lado”. E se aparecer alguém na Torcida com material político? “Surgirei contra, mas geralmente quem anda com esse tipo de artefactos nem sabe o que eles significam”, rematou Ricardo.

As claques portuguesas não se cingem à principal Liga de futebol. Também na Liga de Honra encontramos ultras dedicados a 100% ao seu clube. É o caso dos Tuff Boys (na foto), grupo de apoio ao Futebol Clube do Marco, e dos Desnorteados, que apoiam o Sporting Clube de Espinho, ambos da Liga de Honra.

Pedro Vale Pinto, de 23 anos, já foi membro da direcção da claque marcoense (áudio), e considera que estas “minorias tentam instalar-se em certos grupos, como claques, para passarem os seus ideais e conseguirem mais apoiantes”. “Por vezes é apenas uma questão de moda”, que atingiu o seu auge “nos anos 90”, salienta.

Opinião semelhante tem Diogo Pinto, membro dos Desnorteados há sete anos, para quem “o futebol nada tem a ver com política”, embora admita que “num grupo onde se encontram vários tipos de pessoas, encontram-se também várias ideologias políticas”. Contudo, defende, “uma claque existe para apoiar um clube e não um partido”. Diogo faz questão ainda de referir que tem “uma preferência política bem definida”, mas dentro do campo “é só Espinho”.

É uma opinião de uma pequena parte do mundo ultra português que parece recusar uma ligação estreita entre futebol e ideias políticas, quer sejam estes nacionalistas, comunistas ou de qualquer outro tipo.

Sérgio Pereira Cardoso