Familiares das vítimas dificilmente esquecerão o dia 4 de Março de 2001. Começou a construção de centro de acolhimento de crianças em risco.

A ponte Hintze Ribeiro caiu na noite de 4 de Março de 2001. Cinco anos depois, a região, no interior pobre e esquecido do país, apresenta, segundo Horácio Moreira, presidente da Associação de Familiares das Vítimas, algum desenvolvimento em termos de infra-estruturas.

“Normalmente as tragédias, apesar de difíceis de superar, acabam por trazer benefícios” às regiões afectadas, diz Horácio Moreira, que assegura que “o poder central começou a olhar para o Interior de uma forma diferente da que fazia antes da queda da ponte”.

O responsável pela Associação de Familiares das Vítimas aponta até alguns excessos no desenvolvimento: “Castelo de Paiva desenvolveu-se de forma desenfreada. Há duas pontes no lugar onde a anterior caiu. Muitas infra-estruturas que se desenvolveram nestes cinco anos não se teriam desenvolvido se não fosse a queda da ponte”.

Apesar de não restarem vestígios da queda da ponte, as feridas dos familiares das vítimas levam tempo a sarar. “Esta é uma localidade com poucos habitantes onde toda a gente se conhece. Em termos psicológicos, é dificil ultrapassar, mas os familiares têm as suas vidas encaminhadas. A vida continua”, desabafa Horácio Moreira.

Mas ainda “há pessoas que não conseguem passar a ponte, algumas são acompanhadas a nível privado por psicólogos. Há famílias que foram dizimadas, muitas crianças faleceram na tragédia, o que acaba por ter grande impacto a nivel psicológico”.

Assinalar a efeméride

O concelho de Castelo de Paiva não vai deixar passar em branco os cinco anos da queda da ponte Hintze Ribeiro. “O dia 4 é uma data marcante e vai ser dedicado principalmente às crianças”, explica o presidente da Associação de Familiares das Vítimas.

A associação vai lançar a primeira pedra de um centro de acolhimento temporário para crianças em risco e homenagear algumas pessoas que se destacaram na altura da tragédia: o presidente da Câmara Municipal de Castelo de Paiva, Paulo Teixeira, Carlos Zorrinho, então secretário de Estado da Administração Interna, e o comandante Ezequiel, que liderou as buscas e resgate dos corpos que na altura desapareceram.

Haverá ainda uma cerimónia de homenagem, em cima de uma das novas pontes, feita por 59 crianças familiares das vítimas. A terminar o dia, terá lugar uma celebração litúrgica em memória dos que morreram na queda da ponte.

Andreia C. Faria