Nascido a 15 de Julho de 1939 na cidade de Boliqueime, no Algarve, Aníbal António Cavaco Silva licenciou-se em Ciências Económicas e Financeiras pelo Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras de Lisboa, onde veio a dar aulas.

Filiou-se no PPD em Maio de 1974 e seis anos mais tarde foi nomeado ministro das Finanças e do Planeamento pelo fundador do partido e então primeiro-ministro, Francisco Sá Carneiro. Com a chegada ao poder de Pinto Balsemão em 1981, já após a morte de Sá Carneiro, Cavaco recusa-se a integrar o Governo.

Em 1985 é, surpreendentemente, eleito presidente do PSD no congresso da Figueira da Foz e põe fim ao Bloco Central, exigindo a convocação de eleições legislativas ao Presidente da República, Ramalho Eanes. O PSD vence essas eleições com 29,87% dos votos, chegando aos 88 deputados na Assembleia da República. O PS, em segundo lugar, consegue 57 lugares no Parlamento.

Em 1987, depois de uma moção de censura bem sucedida ao Governo de Cavaco por parte do PRD de Ramalho Eanes, voltam a haver eleições legislativas. É nesse mesmo ano que Cavaco Silva conduz o PSD à sua primeira maioria absoluta, com 50,22% dos votos. A vantagem para o PSD chega a ser ainda maior quatro anos mais tarde – em 1991, os sociais-democratas atingem os 50,60%.

Cavaco Silva é o autor de célebres episódios da vida política portuguesa como as duas frases de resposta à oposição socialista: “Deixem-me trabalhar” e “Eu nunca me engano e raramente tenho dúvidas”. Foi também autor da não menos famosa cena do bolo-rei, em que, na passagem de ano de 1995 para 96 se recusou a responder às perguntas dos jornalistas comendo o famoso bolo natalício.

Depois de abandonar a liderança do partido em 1995, é candidato às eleições presidenciais, um ano mais tarde, nas quais é derrotado pelo antigo presidente da Câmara de Lisboa, Jorge Sampaio.

Ao longo dos dez anos que se seguiram, Cavaco voltou a dar aulas, construindo, a pouco e pouco, uma candidatura presidencial através de raros comentários (entre os quais o artigo sobre a “moeda forte e a moeda fraca” que abalou o Governo de Pedro Santana Lopes), que culminou na sua eleição, à primeira volta, em Fevereiro.

O correspondente em Lisboa do diário espanhol “El Pais”, Miguel Mora, escrevia em Dezembro de 2005 num artigo intitulado “A esfinge que pretende salvar Portugal“: “Apesar da sua fama de vencedor sacrificado e indestrutível ter sido danificada pela inesperada derrota nas presidenciais de 1996, quando perdeu perante o socialista Jorge Sampaio, actual Presidente da República, por três milhões de votos contra 2,6 milhões, dez anos chegaram para esquecer isso”.

Tiago Dias
Foto: Banco de Portugal