É já no domingo que arranca o campeonato do mundo de Fórmula 1. O Bahrein recebe a primeira prova do circuito automobílistico, que este ano, promete ser muito renhido. Três candidatos principais ao título, quatro equipas novas e um português que procura consolidar a sua posição na mais importante competição do desporto automóvel fazem os números do campeonato de 2006.

Fernando Alonso, da Renault, parte como principal candidato à vitória. O jovem espanhol surpreendeu tudo e todos ao vencer o seu primeiro campeonato de Fórmula 1 no ano passado. Em 2006, Alonso é um piloto com crédito e provas dadas no mundo dos monolugares e a sua escuderia, a Renault, quer renovar os títulos de piloto e construtores. Para tal, continua a contar com o apoio de Giancarlo Fisichella, segundo corredor da equipa.

Kimi Raikkonen, da McLaren Mercedes, foi o infeliz de 2005. Correu durante toda a temporada de igual para igual com Fernando Alonso, mas foi prejudicado pelos sucessivos erros de mecânica da McLaren, que o faziam abandonar precocemente muitos Grandes Prémios. Acabou por ficar em segundo lugar, a mais ingrata das classificações, mas deixou no ar a ideia que se não fossem os problemas do seu carro, teria de certo terminado o ano como campeão. Resta saber do que é que a McLaren Mercedes é capaz este ano: se prova que é de facto uma equipa capaz de vencer ou se se deixa bater pelos seus “calcanhares de Aquiles”: os problemas mecânicos e a intempestividade do seu segundo piloto, o colombiano Juan Pablo Montoya.

Michael Schumacher, da Ferrari, espera mais sorte em 2006. O hepta-campeão viu o seu império cair por terra no ano passado, com a concorrência a ultrapassá-lo com facilidade. O veterano piloto ainda deu um ar da sua graça, mas a fiabilidade do monolugar da Ferrari não lhe permitiu ir mais além. A escuderia italiana espera melhorar em relação ao ano passado e provar que 2005 foi apenas um erro de percurso. Para tal conta com o experiente Schumacher e o novo piloto da equipa, Felipe Massa. O brasileiro ex-Sauber veio substituir Rubens Barrichello, que se transferiu para a Honda.

A Honda foi a surpresa da pré-época. Os resultados obtidos nas corridas de treino deixaram boas indicações da escuderia derivada da antiga BAR. Com um naipe de pilotos digno de respeito – “Rubinho” e Jenson Button – e um historial já considerável na Fórmula 1, a Honda pode ser considerada uma das “outsiders” candidatas ao título.

Outra possível candidata fora do trio favorito é a Toyota. A equipa de Mike Gascoyne teve um bom desempenho em 2005 a nível técnico e só não foi mais além devido a alguns “erros” dos seus pilotos. Ralf Schumacher e Jarno Trulli são experientes, mas falta-lhes a paciência necessária para triunfar. O parco registo de vitórias de ambos assim o indica.

Numa fase de mudança está a Williams. A escuderia de Frank Williams já não vence um título desde o triunfo de Jacques Villeneuve em 1997 e a aposta deste ano queda-se em pelo menos fazer melhor figura que em 2005. Para tal, a Williams garantiu um novo motor para os seus monolugares (deixou a BMW e passou a usar produtos Cosworth). A juventude dos seus pilotos pode ser o único “handicap” da equipa britânica. Mark Webber tem apenas 69 Grandes Prémios disputados e Nico Rosberg é um “rookie”. Requer-se a Webber algum estofo para segurar as pontas na Williams.

A Red Bull continua a apostar forte na Fórmula 1. Depois de em 2005 criar a Red Bull Racing (RBR) e afirmar-se com uma equipa média do circuito, a marca de bebidas adquiriu a Minardi e desenvolveu uma espécie de equipa satélite para a escuderia principal.

A Toro Rosso não será mais do que uma forma de garantir algum financiamento através de publicidade para a Red Bull; os pilotos da ex-Minardi – Vitantonio Liuzzi e Scott Speed – dificilmente pontuarão durante toda a época.

Quanto à equipa RBR tem esperanças de fazer uma época com regularidade e para tal conta com a experiência do escocês David Coulthard. Christian Klein completa a formação às ordens de Christian Horner.

A BMW estreia-se como gestora de uma equipa de Fórmula 1 em 2006. Depois de muitos anos apenas a fornecer motores às escuderias, a marca alemã decidiu adquirir a Sauber e partir para aventura de gerir uma formação. A estrutura da equipa mantém-se, fundamentada na experiência dos seus pilotos (Nick Heidfeld e Jacques Villeneuve, dois ex-Williams). Resta saber que impacto vai causar a BMW no circuito automóvel mais importante do mundo.

Tal como a Sauber, a Jordan é outra das equipas com lugar cativo no circo da Fórmula 1. Mas mais uma vez a necessidade de financiamento através da publicidade fez a equipa de Alex Shnaider mudar de nome. A Midland F1 Racing, equipada com motores Toyota, tem agora mais argumentos para tentar fazer uma época segura e consolidar a sua posição e dos seus pilotos no mundo dos monolugares. Assim o esperam Christian Albers e o português Tiago Monteiro.

A Super Aguri é a grande incógnita de 2006. O antigo piloto Aguri Suzuki decidiu formar uma nova escuderia inteiramente nipónica. Inscrita no campeonato já depois da hora, nada se sabe desta nova equipa, a não ser que possui motores Honda e chassis datados de 2002, da antiga Arrows. Tudo leva a crer que as indicações de que será a nova “lanterna vermelha” do campeonato batam certo. As suas únicas vantagens são a tecnologia japonesa e a experiência de um dos seus pilotos: Takuma Sato. Apesar de se tratar de um projecto a longo prazo em que a aposta é a segunda cara da equipa, Yuji Ide, a Super Aguri ainda pode fazer um brilharete em 2006.

David Pinto
Foto: DR