“Condenamos duramente este tipo de provas ou corridas. Não aceitamos no nosso seio este tipo de pessoas, porque não são ‘tuners’, são loucos da estrada que participam em corridas de rua”, afirma Agostinho Carvalho, presidente da Federação Portuguesa de Tuning (FPA), referindo-se aos três jovens condenados por participar numa corrida de automóveis que, há dois anos, originou a morte de três pessoas, em Palmela.

O presidente da FPA, recentemente constituída, diz ser importante que a opinião pública e a comunicação social não confundam o ‘tuning’ com corridas de rua e aceleras. “O ‘tuning’ é a alteração de veículos com fins estéticos. Há acidentes que envolvem ‘tuners’, mas tratam-se de acidentes normais e comuns a qualquer condutor”, explica. A FPA, que conta com cinco mil associados, estima que, em Portugal, sejam 150 mil os praticantes desta actividade.

Também Jorge Neves da Silva, secretário-geral da Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel (ANECRA), descreve o “tuning” como “uma actividade legítima e legal, que merece ser dignificada e que a ANECRA tem obrigação de apoiar”. A associação criou até uma secção autónoma relativa a esta prática, com vista ao seu enquadramento legal.

“O ‘tuning’ é uma grande oportunidade de negócio, mas debate-se com dificuldades inerentes à inexistência de um quadro legal que restringe a acção dos profissionais”, lamenta Neves da Silva.

Quanto ao julgamento dos jovens de Palmela, o secretário-geral da ANECRA não se pronuncia, mas manifesta “discordância com esse género de práticas”.

“Tuning” “esquecido” pelo Código da Estrada

A última versão do Código da Estrada, em vigor desde 2005, permite a realização de transformações em veículos e remete para um regulamento a definição das alterações aprovadas. Só que esse regulamento ainda não existe.

Para colmatar o vazio legal e conseguir que o regulamento seja redigido, tanto a FPT como a ANECRA têm desenvolvido contactos com a Direcção-geral de Viação (DGV). Agostinho Carvalho está convicto de que “até ao final deste ano o regulamento específico do ‘tuning’ consagrado e a funcionar”.

O secretário-geral da ANECRA recusa adiantar um prazo para a conclusão do processo, mas adianta que, até lá, a associação “vai criar todas as condições de competitividade necessárias ao sector do ‘tuning’ em Portugal, nomeadamente concorrendo a programas comunitários de apoio”.

Andreia C. Faria

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