Pelo quinto ano consecutivo Portugal volta cair no que à riqueza per capita diz respeito. O especialista em economia europeia, Rui Alves, não se mostra surpreendido com a situação e garante que “sem uma forte reestruturação económica no país este cenário vai continuar a repetir-se”. Para o professor, é importante que as políticas de reforma “deixem de estar apenas no papel”.
As estatísticas internas da União Europeia (UE), divulgadas na semana passada, demonstram a tendência de descida do PIB per capita em paridade de poder de compra pelo menos até 2007. Portugal ocupa, nesta altura a 18ª posição no espaço da União, logo atrás dos checos.
Rui Alves admite que a tarefa do actual Governo não é fácil, até porque “Portugal atravessa actualmente uma grave crise orçamental”. Porém, o docente da Faculdade de Economia da Universidade do Porto acredita o Executivo de José Sócrates deverá, no entanto, colocar em prática as políticas de reforma estruturais “mesmo que estas impliquem consequências políticas menos desejáveis para o Governo”.
Depois de ter visto o PIB por habitante crescer até 80,7% da média comunitária em 1999, Portugal iniciou uma tendência negativa que promete arrastar-se nos próximos anos.
A República Checa é o segundo país do leste europeu a ultrapassar Portugal neste campo, já que o mesmo tinha acontecido com a Eslovénia em 2003. Rui Alves prefere, ainda assim, não olhar a o alargamento aos países de leste como uma ameaça. “A postura pessimista e até passiva face ao alargamento da UE ao leste é prejudicial para a país. Acima de tudo é preciso encetar um conjunto de políticas que fomentem a formação e o conhecimento para olharmos o novo contexto europeu de uma forma positiva”, sublinha o professor.
É importante ter em conta que os dados fornecidos pelo Eurostat relativos à riqueza per capita em paridade de poder de compra têm em conta as diferenças de preços entre cada Estado-membro. Assim sendo, o PIB per capita não reflecte necessariamente o rendimento disponível dos habitantes de cada país.
