As cidades do Porto, Marco de Canaveses e Lousã apresentam realidades muito diferentes para os cidadãos com deficiências. Os provedores destas cidades encontraram-se hoje, terça-feira, na Casa do Roseiral, no Porto, para trocar informações para aproveitar o que de melhor se faz em cada concelho e tomar medidas em conjunto.

O provedor de Marco de Canaveses, Luís Magalhães, denunciou a situação de três irmãos deficientes que estiveram fechados em casa durante 50 anos a cargo da mãe, viúva e idosa. “Não é só necessário quebrar as barreiras arquitectónicas mas também sensibilizar as pessoas. Uma máquina de escrever pode fazer de um deficiente um homem ou matá-lo logo à partida”, afirmou o provedor, centrando a sua preocupação nos pequenos objectos que fazem os deficientes sentirem-se iguais às outras pessoas.

O provedor dos cidadãos com deficiências do Porto considera que não é necessário mais leis, o que é importante é que o Plano Nacional para a Integração seja cumprido até ao fim. “Temos de ter o dever e a responsabilidade de concretizar o projecto a que nos propomos”, defendeu João Couttim.

Já o provedor de Lousã salientou o facto de que algumas leis não foram implementadas e outras foram “esquecidas”. Por isso, considera que é necessário que haja uma “política de reabilitação que estivesse nos diferentes ministérios”. Eduardo Carvalhinho defende que só assim se pode dar uma resposta individualizada adequada às necessidades de cada um.

Dois concelhos, duas realidades

Marco de Canaveses começa a dar os primeiros passos enquanto Lousã se orgulha de não ter deficientes excluídos. O provedor do Marco de Canaveses considera que a reunião serviu sobretudo para aprender, uma vez que só está a um mês e meio no cargo. A Câmara Municipal de Marco de Canaveses está a alterar a sua arquitectura para facilitar o acesso às pessoas com deficiências motoras: foi construída uma rampa de acesso e a casa de banho encontra-se em obras.

Em Lousã, “não há deficientes excluídos e quase que podia dizer que todos têm trabalho”, garantiu o provedor local. A boa vontade, a integração dos espaços casa-escola-emprego, que funcionam em conjunto, foram factores que contribuíram para esta situação de excepção no país, revela Eduardo Carvalhinho. Os deficientes e as famílias têm na Lousã bastantes apoios, incluindo apoios à maternidade, disse o provedor dos cidadãos deficientes.

Texto e foto: Tatiana Palhares