A Ribeira do Porto pode vir a ter um serviço de videovigilância privado associado a rondas de seguranças. O projecto, que deverá contar com 20 câmaras, vai custar entre 40 mil a 50 mil euros e irá funcionar como uma “espécie de condomínio, em que os estabelecimentos aderentes dividirão os custos”, explica o presidente da Associação de Bares da Zona Histórica do Porto (ABZHP), António Fonseca.

Esta associação, responsável pelo projecto, vai apresentar a ideia ao vereador das Actividades Económicas e Protecção Civíl da Câmara do Porto na próxima quinta-feira. “Vamos convidar a Câmara a ser parceira no projecto e até a assumi-lo. Mas mesmo que isso não aconteça, vamos avançar”, garante António Fonseca.

O apoio da autarquia é desejado pela associação, já que a lei impõe restrições à videovigilância privada. “Seria bom que fosse uma diligência pública porque assim contornava obstáculos da lei”, confessa o presidente da associação. A ABZHP já manteve conversações com o comandante Gomes Pereira, da PSP, que, segundo António Fonseca, “disse que a polícia teria vida facilitada se houvesse videovigilância”.

Bares contestam videovigilância

O projecto da ABZHP não é consensual entre os associados. O JPN falou com três proprietários de bares e restaurantes da zona, que foram unânimes em considerar que a videovigilância vai ser prejudicial para a imagem da Ribeira.

“Isto não é assim tão mau para termos uma videovigilância. Se houvesse mais polícia durante a noite não havia metade dos crimes”, defende Arlindo Silva. Para o proprietário do bar “A Marina”, as câmaras de vídeo “vêm prejudicar a imagem da Ribeira. As pessoas ficam mal impressionadas ao verem as notícias no jornal”.

A mesma opinião é partilhada por Manuel Henriques, que trabalhou durante nove anos na Ribeira, enquanto proprietário de um bar. Para o ex-proprietário, as câmaras “seriam logo vandalizadas” dando, além disso, “má imagem [da zona], o projecto deveria ter sido negociado nos bastidores” e não trazido para os jornais.

O JPN contactou também o funcionário de um restaurante da Ribeira, que preferiu manter o anonimato, mas que aponta as mesmas críticas que os seus colegas: “O que mais falta faz é policionamento permanente, as câmaras não resolvem o problema. As pessoas ficam com medo, porque se há câmaras é porque esta é uma zona problemática”. Este funcionário, que trabalha na Ribeira há quatro anos, considera que instalar videovigilância “é o mesmo que dizer às pessoas que a Ribeira é perigosa”.

Andreia C. Faria
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