Hoje, quarta-feira, assinala-se o Dia Nacional do Doente com Artrite Reumatóide, uma doença que tem custado ao Estado cerca de 333 milhões de euros por ano (cerca de metade em custos directos e outra metade em custos indirectos). Os dados são relativos a um estudo do CESAR (Custo Económico e Social da Artrite reumatóide) e disponibilizados pela Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR).

De acordo com a SPR, que indica os dados da Plano Nacional Contra as Doenças Reumáticas, as patologias deste tipo são a origem de 16 a 23% das consultas de clínica geral e afectam mais de 20 mil portugueses.

A artrite reumatóide é uma doença crónica que se manifesta essencialmente pela inflamação persistente das articulações. Contudo pode também comprometer outros órgãos. Numa fase avançada pode levar à deformação das articulações.

Doença condiciona actividades quotidianas

“Não há concretamente formas de evitar nem de prevenir a artrite reumatóide”, disse Paula Brandão, médica do Hospital de S. Marcos, ao JPN. No entanto, a doença, de evolução progressiva, pode ser suavizada se as pessoas adequarem os seus estilos de vida.

Um estilo de vida activo “é sempre muito útil para diminuir ou para adiar algumas das consequências da artrite reumatóide, ou seja, fazer com que a dor surja menos intensa, fazer com que a deformidade surja mais tarde, para que os doentes possam levar uma vida activa até muito tarde”, explicou ao JPN.

De acordo com Paula Brandão, a artrite reumatóide acaba por condicionar a vida das pessoas “pela dor e pela deformação que provoca a nível das articulações”. No entanto, a médica do Hospital de S. Marcos sublinha que quem sofre da doença “pode levar uma vida perfeitamente normal”. O nível de afectação depende da evolução da doença e da fase que atinge: “a artrite reumatóide não atinge com a mesma intensidade todas as pessoas e todas as articulações”.

Segundo a Sociedade Portuguesa de Reumatologia, as doenças reumáticas como a artrite reumatóide, são a segunda causa do consumo de fármacos e a primeira de incapacidade temporária. No mesmo patamar, as patologias são responsáveis por grande parte dos casos de acamamento definitivo (17%) e dos casos de mobilidade limitada ao domicílio (30%) e ainda responsáveis por 40 a 60% das situações de incapacidade prolongada para certas actividades quotidianas.

Como refere Paula Brandão, a artrite reumatóide é também muitas vezes a causa de reforma antecipada. De acordo com a SPR, esta é mesmo a doença que origina o maior número de reformas antecipadas (35 a 41% do total).

“A artrite reumatóide afecta frequentamente as mãos e quando isso acontece pode haver limitação da actividade dos doentes, nomeadamente algumas actividades profissionais podem ser incompatíveis com a artrite reumatóide: não há pianistas com artrite reumatóide”, explica.

Rita Pinheiro Braga
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