Um trabalhador de uma discoteca, que passe oito horas no seu local de trabalho, fuma passivamente entre 15 a 20 cigarros. No caso dos restaurantes, os não fumadores fumam por cada oito horas de exposição cerca de cinco cigarros. São conclusões de um estudo realizado pela Universidade do Minho (UM) em parceria com entidades de saúde espanholas, que mediu a qualidade do ar em espaços públicos de Braga.

O estudo, coordenado por José Precioso, do Instituto de Educação e Psicologia da UM, serve de controlo à aplicação da lei mais restritiva ao consumo de tabaco em Espanha, comparando a qualidade do ar nos espaços fechados públicos espanhóis com os portugueses. Por outro lado, sendo a maior análise feita em Portugal sobre o assunto, permite “conhecer a qualidade do ar” nestes espaços. “Em alguns restaurantes pequenos, empresas médias, secretarias, mas sobretudo ‘pubs’ e discotecas, a qualidade do ar é deplorável”, qualifica José Precioso.

A situação é, segundo o especialista, especialmente grave para os trabalhadores destes estabelecimentos que têm maior risco de contrair cancro do pulmão do que os que não convivem diariamente com o fumo do tabaco. “Há evidência científica que o fumo passivo causa as mesmas doenças”, diz. É necessário, por isso, “salvaguardar a saúde de quem trabalha” nestes espaços.

Na maior parte dos edifícios da administração pública, a qualidade do ar é razoável, o que, segundo José Precioso, se deve ao facto de as pessoas fumarem cada vez menos nesses locais.

O professor da UM aplaude a intenção do Governo de proibir o tabaco nos recintos fechados e a venda de tabaco a menores de 18 anos. “Este ministro [da Saúde] tem muito boas intenções”, afirma. O coordenador do estudo espera que o Governo não ceda em nenhum ponto da proposta de legislação, ao contrário do que fez o Executivo espanhol que permitiu a existência de restaurantes onde é permitido fumar. “Este ministro ficaria na história como um dos que deu um dos maiores passos em termos de saúde pública”, refere.

Pedro Rios
Foto: SXC