A União, liderada pelo antigo presidente da Comissão Europeia, Romano Prodi, venceu as eleições legislativas em Itália, conquistando ambas as câmaras do Parlamento. Durante toda a manhã de hoje, terça-feira, havia grandes dúvidas sobre se o Senado ficaria nas mãos da Casa das Liberdades do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, mas os lugares destinados aos senadores eleitos pelos emigrantes foram na sua maioria atribuídos à União.

A vitória da coligação de centro-esquerda foi bastante apertada. Na Câmara dos Deputados, a União obteve 341 lugares, contra 277 da Casa das Liberdades, uma diferença de 25 mil votos, já que em Itália a coligação vencedora obtém automaticamente 340 deputados.

No Senado, a esquerda conseguiu 158 assentos e a direita 156. Em Itália ambas as câmaras partilham os mesmos poderes, por isso só um Governo com maioria nas duas consegue fazer passar as suas propostas sem precisar dos restantes partidos.

O porta-voz de Berlusconi, Paolo Bonaiuti, anunciou que pediu uma recontagem dos votos para a Câmara dos Deputados, devido à escassa diferença de 25 mil votos.

Governo estável será um “milagre”

De acordo com o professor de Ciência Política da Universidade de Yale nos EUA e especialista em política italiana, Joseph LaPalombara, Prodi é “tudo menos um líder político dinâmico”, apesar de ser um economista “razoavelmente bom”.

LaPalombara, também editor da revista “Italy Italy”, afirma que Prodi vai ter problemas em governar o país. “Não é só por causa da escassa votação que o centro-esquerda recebeu”, explica o académico. “É também porque, dentro da coligação que apoia Prodi, a extrema-esquerda é mais, e não menos, importante do que era da primeira vez [em 1996]”.

O especialista recorda o primeiro Governo de Romano Prodi, em que os comunistas de Fausto Bertinotti – o mesmo que agora encabeça a Refundação Comunista – fizeram cair o Executivo, ao abandonar a coligação.

LaPalombara conclui que “será um milagre se Prodi conseguir governar o país de todo, antes que seja, uma vez mais, ‘dinamitado’ pelos seus próprios apoiantes”.

Tiago Dias
Foto: UE