O Presidente da República chegou ontem, quinta-feira, à Bósnia-Herzegovina para uma visita aos militares portugueses em missão nesta região da Europa.

O sargento António Lima Coelho, da Associação Nacional de Sargentos, declarou ao JPN que teria sido “profundamente mais justo” primeiro “ouvirem-se os militares que estão no país a assegurar a independência e a defesa nacional no território nacional e depois sim partir para o reconhecimento da missão e desempenho dos militares no exterior”.

O sargento lembra que as Forças Armadas “são prioritariamente um mecanismo nacional de defesa da soberania nacional e é essencialmente no país que tem as suas maiores vertentes”, não desfazendo o “brio” com que desempenham as missões “seja em que cenário for”.

“As Forças Armadas não podem ser um mecanismo para um excelente desempenho do Ministério dos Negócios Estrangeiros ou qualquer outro”, acrescenta o sargento.

Lima Coelho recebeu com “surpresa” o discurso de ontem do Chefe de Estado que declarou que as Forças Armadas devem ser encaradas “como um investimento e não apenas como um dispêndio”. Segundo o dirigente da Associação Nacional de Sargentos, o discurso de Cavaco Silva contrariou “a preocupação” dos militares quando no discurso de posse, o Presidente, “em mas de 40 minutos de discurso, se referiu às Forças Armadas durante 32 segundos”.

No seu discurso na Bósnia-Herzegovina, o Chefe de Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas referiu também que as missões exteriores dos militares portugueses são “um instrumento muito importante” da política externa portuguesa e podem até facilitar a “negociação internacional”, não devendo ser vistas à luz das restrições orçamentais do País.

O sargento Lima Coelho referiu ainda ao JPN que espera que o Presidente da República exerça a sua “influência” para com o Governo, não promulgando “diplomas que sejam lesivos da condição militar”.

Paula Coutinho
Foto: DR