A revolução de Abril foi vivida de forma muito especial por estes dois homens. São candidatos a reitor da Universidade do Porto (UP) e em 25 de Abril de 1974 estavam os dois longe de Portugal.

Marques dos Santos tinha 28 anos e estava nessa altura em Manchester a fazer o seu mestrado em sistemas digitais. A revolução foi vivida de longe mas “com muito interesse, juntamente com os colegas que lá se encontravam”. Para saber mais sobre o que ia acontecendo, o actual vice-reitor conta que faziam “alguns telefonemas para casa dos pais e que algumas notícias chegavam através do ‘Expresso'”, jornal do qual era assinante.

Apesar da distância, Marques dos Santos recorda que “viveram muito intensamente aquele período, com muita esperança na mudança que se avizinhava”.

Já lá vão 32 anos e, na opinião do vice-reitor, a euforia das comemorações já não é a mesma mas o sentimento e a satisfação de ter acontecido a revolução continua igual.

Ferreira Gomes, também vice-reitor da UP e candidato a reitor, também se encontrava longe de Portugal a fazer o seu doutoramento em Oxford. Para o vice-reitor, o 25 de Abril de 1974 “não prestou”, porque não foi muito vivido. “Empolgante foi o 16 de Março com a tentativa de levantamento militar nas Caldas da Rainha”, recorda.

Em Portugal este acontecimento foi pouco noticiado mas “na BBC e nos outros órgãos de comunicação ingleses gerou um permanente fluxo de noticias”. Neste dia, 16 de Março de 1974, Ferreira Gomes “juntou-se com outros portugueses em Oxford” para comemorar. No dia 25 de Abril, “as coisas estavam mais ou menos decididas e aí foi a frustração de não poder participar em algo muito importante para o país”.

O vice-reitor manteve-se em Oxford mais de um ano, acompanhou os dessenvolvimentos “pela rádio, televisões, jornais e com discussões permanentes com o grupo de portugueses que lá se encontravam”.

Ferreira Gomes recorda que foi um período dificil porque não viveu o que se estava a passar e nem sempre compreendia as motivações do que acontecia. A Portugal regressou definitivamente em 1976, quando já tinha passado o período “quente” da revolução.

Os dois vice-reitores da Universidade do Porto acompanharam de longe a Revolução de Abril. Hoje, como candidatos, ambos concordam que a UP deve sofrer uma pequena revolução e vencer os desafios necessários para se tornar uma universidade de referência europeia.

Texto e fotomontagem: Ana Rita Basto