“70% da população de Díli saiu de casa para se refugiar noutros distritos do país”, descreve ao JPN, o editor da Radiotelevisão Timorense. Nelio Isaac Sarmento acrescenta que até os jornalistas foram para locais mais seguros.

“Díli está deserta, só as patrulhas policiais é que andam na rua. Toda a gente se refugiou, mesmo os jornalistas”, disse Nelio Sarmento. Quem ficou em Díli abrigou-se nas escolas e nos colégios ou em Igrejas, revela o editor.

“A situação em Timor está controlada” porque não há confrontos nem manifestações, mas a população ainda se mantém receosa e, por isso, é que se refugia, disse Nelio Sarmento.

A ONU deve reunir amanhã para analisar a situação em Timor, revelaram hoje fontes oficiais. Em cima da mesa poderá estar o relatório do secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, que propôs a criação de uma “pequena representação integrada” da ONU em Timor por um período de um ano.

Entregar as armas

O Presidente da República, Xanana Gusmão, ordenou a todos os militares com armas que voltassem ao quartel. Mas até às 6h30 da tarde, hora local (11h30 da manhã em Portugal), os militares contestatários ainda não o tinham feito, segundo o editor da Radiotelevisão de Timor. Por isso, é preciso esperar pelo dia de amanhã para se conhecer a reacção dos militares.

A instabilidade em Timor deve-se às manifestações de militares contestatários que na sexta-feira passada resultaram em dois mortos e três dezenas de feridos. Ontem, alguns militares regressaram às aldeias, mas a população continua assustada com os “rumores que correm pela cidade”, afirma Nelio Sarmento.

As exigências dos “peticionários”, como se auto-denomina o grupo de militares contestatários, passam pela constituição de uma comissão de inquérito para apurar se houve ou não discriminação étnica dentro das forças armadas e a readmissão nas forças armadas dos militares que se rebelaram.

O primeiro-ministro disse que essas exigências seriam cumpridas, mas o porta-voz dos “peticionários”, o Tenente Gastão Salsinha, disse não confiar no governo e acusa-os de terem morto sessenta pessoas. A única pessoa em que disse manter a confiança é em Xanana Gusmão.

Tatiana Palhares