Entram e saem da penumbra os actores e as marionetas que dão vida a esta versão da “Branca de Neve”, o conto dos irmãos Grimm, pelo Teatro de Ferro. Vestidos de preto, numa estética visual e sonora invocadora do gótico dos anos 80, quatro actores manobram a Branca de Neve, os Sete Anões e o Príncipe dos dias de hoje. Não se escondem atrás dos bonecos, mas antes complementam a sua expressividade, sobrepondo-se-lhes, até, em alguns momentos.

Trata-se de “uma história intemporal, que se apresenta num presente disfarçado de futuro”, explica Igor Gandra, actor e encenador da peça. E a verdade é que esta Branca de Neve, recriada pelo texto de Regina Guimarães e pela música de Fernando Rodrigues, poderia ser uma qualquer personagem de telenovela juvenil, com todos os seus desejos, imaturidades e excessos.

Fica cumprido, assim, o objectivo de trazer de um passado longínquo a personagem dos irmãos Grimm, tornando-a uma rapariga comum e aproximando-a dos espectadores. Talvez o espectáculo não tenha sido totalmente compreendido pelas crianças que assistiram ao ensaio de imprensa, mas também não era essa a intençao.

“Acho que [as crianças] ficaram intrigadas com a maior parte das coisas, que despertaram nelas um tipo de curiosidade que as faz pensar”, confessa Igor Gandra, após o espectáculo. Destinada a crianças maiores de cinco anos, esta recriação da “Branca de Neve” numa história em que “não há moral” pode também agradar a jovens e adultos.

“Branca de Neve”, uma co-produção da Fundação Ciência e Desenvolvimento, Teatro do Campo Alegre e Teatro de Ferro, estreia amanhã, sábado, e estará em cena até 12 de Maio, no Teatro do Campo Alegre.

Texto e foto: Andreia C. Faria