Uma das bandeiras da sua candidatura foi a regionalização. O Porto precisa da regionalização?

O Porto entrou em declínio do ponto de vista económico e social e estou convencido de que a regionalização teria contribuido para que isso não acontecesse. O centralismo tem, do meu ponto de vista, prejudicado a região norte.

O modelo das cinco regiões plano é o melhor para o Porto?

É o melhor para o país. Não se pode estar a ver se é melhor para o Porto, Braga… Sempre entendi que as cinco regiões, do ponto de vista do ordenamento, da administração e do planeamento, têm funcionado bem.

Se houvesse a região Douro Litoral, o Porto saíria beneficiado?

Não. Acho que o Porto fica bem na região Norte. Do ponto de vista histórico até se costumava dizer que o Porto era a capital do Norte.

Defende a fusão dos concelhos do Porto e Gaia?

Não. Isso é uma ideia peregrina à qual tem de se pôr fim, é uma ideia de quem não consegue gerir a Área Metropolitana e para escamotear esse falhanço, veio dizer que era necessário fundir Porto e Gaia. Acho que é preciso um espaço metropolitano, que é uma realidade inquestionável, tendo uma gestão capaz do ponto de vista económico e social.

O modelo das cinco regiões não é um recuo do PS em relação às posições defendidas aquando do referendo?

Não. O que acontece é que em 1990 tínhamos um mapa que defendia sete regiões. Esse mapa regional foi chumbado, bem como a regionalização em si. De lá para cá já se passaram dez anos, muita coisa mudou e as próprias regiões plano afirmaram-se mais ainda. Acho que não há nenhum recuo por parte do PS. Não é nenhuma bandeira eleitoral, é uma convicção profunda do que é melhor para o país. Houve um acerto em função da realidade e a realidade demonstra que as regiões plano hoje estão melhores.

O mapa das cinco regiões estava mais ligado ao PSD…

Não. O PSD nunca teve regionalização, esteve sempre contra.

José Sócrates diz que o referendo só se deve realizar na próxima legislatura. Se a regionalização é assim tão urgente, porque não fazer o referendo agora?

Nesse ponto estou de acordo com José Sócrates, porque se perdermos o próximo referendo é a morte definitiva da regionalização. Só é possível ganhar o referendo se conseguirmos prepará-lo bem, criando um grande movimento cívico. E o PS pode ser a grande força de liderança, porque este movimento tem que ser mais amplo, tem que envolver os cidadãos.

Tatiana Palhares
Foto: Ana Sofia Coelho