A Fretilin, partido que lidera o Governo de Timor Leste, inicia hoje, quarta-feira, um congresso de três dias, de onde poderão sair um novo secretário-geral e, até, mudanças na chefia do país. Mari Alkatiri (na foto), primeiro-ministro e actual líder da Fretilin, já anunciou que se demite caso José Luís Guterres, que concorre a secretário-geral do partido, vença o congresso.

A candidatura de José Luís Guterres, embaixador da ONU e nos EUA, está a causar divisões no seio do Governo. Egídio de Jesus, secretário para a coordenação geral da Zona II do Governo, apresentou também uma candidatura à liderança da Fretilin, ao lado da de Guterres. Os ministros da Agricultura e da Justiça, Estanislau da Silva e Domingos Sarmento, já criticaram o colega de Governo e manifestaram apoio a Alkatiri.

O clima que se vive em Timor Leste é de instabilidade desde, que, em finais de Abril, 595 militares foram expulsos da Forças Armadas e saíram à rua, acusando o Governo de discriminação étnica. Os confrontos com a polícia provocaram cinco mortos e sete feridos.

Cerca de 30 mil dos 750 mil habitantes de Díli sairam, desde então, da cidade, e, receando a existência de mais confrontos entre militares e a polícia, esperam pelos resultados do congresso para regressar à capital. Os 600 delegados ao congresso da Fretilin elegem, esta sexta-feira, o secretário-geral e o presidente do partido.

Também a Austrália está atenta ao congresso da Fretilin. Receando o agravamento da situação de instabilidade do país, Darwin tem preparados navios de Guerra e 800 militares para uma eventual intervenção em Timor Leste. A Nova Zelândia admite também enviar tropas para a região.

Andreia C. Faria
Foto: FMI