“É necessário que os licenciados em Direito não optem pela advocacia como uma profissão residual”. É assim que o bastonário da Ordem dos Advogados, Rogério Alves, comenta a saturação do mercado de trabalho na área do Direito.
Rogério Alves esteve hoje, sexta-feira, no Porto, no âmbito da comemoração do Dia Nacional dos Advogados. “Só deve ir para advocacia aqueles que gostem. E dentro do estágio da Ordem, estamos a implementar muito maior rigor na avaliação, para que só acedam à profissão aqueles que tenham competência técnica e deontológica (através das provas da Ordem no final do estágio) e isso é uma das imagens de marca deste mandato: aumentar o rigor na avaliação”, explicou ao JPN.
Para Rogério Alves, a solução para os outros licenciados em Direito que não são da advocacia passa por “procurar outras carreiras: a Polícia Judiciária ou ser funcionários de notariado, de tribunais, das conservatórias, quadros superiores da função pública. Um licenciado é sempre uma mais-valia. Agora não se pode é continuar com a ideia que a advocacia é uma profissão de não só acesso livre como também fácil”.
O bastonário acredita que o Processo de Bolonha “não dificulta nem facilita o acesso à profissão”, mas sim “pode abrir uma janela de oportunidade para que, remodelando os cursos de Direito, se consiga introduzir-lhes uma vocação mais profissionalizante e que os cursos se aproximem mais da actividade que as pessoas vão desenvolver”.
Isto porque o último ano do curso de Direito poderá passar a ser, nalguns casos, destinado a estágio “com um currículo que seja adequado para isso”.