O número dois da hierarquia militar em Timor, major Alfredo Reinado, classifica de “massacre” os confrontos de 28 e 29 de Abril entre os militares “peticionários” e o exército timorense. “É um massacre, porque se matou mais de uma pessoa sem classificação ou propósito”, disse o major à Agência Lusa.

Alfredo Reinado repetiu hoje, segunda-feira, a acusação de que o primeiro-ministro, Mari Alkatiri, ordenou directamente às Forças Armadas que interviessem no lugar da polícia, na sequência das manifestações dos 595 militares “peticionários”. A ordem de Alkatiri foi dada sem o conhecimento do Presidente da República, o que configura uma acção “inconstitucional” de acordo com a lei orgânica das Falintil – Forças de Defesa de Timor-Leste.

Segundo o major, Alkatiri ordenou a intervenção das Forças Armadas “oralmente” e sem o conhecimento do Presidente da República, na presença de um gabinete de crise, constituído pelo Comandante-geral da polícia timorense e pelos ministros de Estado, da Defesa e da Administração Estatal.

Comissão internacional independente vai apurar número de mortos

Segundo acusações de participantes nos confrontos de Abril, o número de mortos daí resultantes foram ainda muito superiores aos números revelados oficialmente pelo Governo. Alguns militares envolvidos nos incidentes estimam que mais de 60 pessoas terão morrido em resultado dos confrontos, afirma o major Reinado. Oficialmente o Governo admite a morte de apenas cinco pessoas.

Na sequência das acusações, o ministro dos Negócios Estrangeiros timorense, Ramos Horta, quer que uma comissão internacional independente averigue o número de mortos registados nas manifestações ocorridas na capital.

“Para que a investigação seja totalmente independente, a comissão internacional deverá decidir com quem quer falar, escolher e contratar os intérpretes, e ser responsável por toda a agenda das investigações e logística”, explicou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros à Lusa.

Inês Castanheira